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Linguagista

Léxico: «antimeridiano»

O que tens é «antemeridiano»

 

      «“Paris quis que o meridiano zero passasse por lá e houve grande discussão, mas Londres conseguiu ganhar com o apoio dos EUA e, hoje em dia, todos os mapas são feitos com o meridiano zero a passar por Londres”, explica o investigador do tempo [Fernando Correia de Oliveira], acrescentando que “havia também a preocupação de que no antimeridiano não houvesse países ou habitantes porque senão dava-se um passo para um lado ou para o outro e estava-se noutro dia” — o antimeridiano de Greenwich passa por uma zona praticamente inabitada» («Dos monumentos megalíticos aos relógios mecânicos: a história da marcação do tempo», Filipa Almeida Mendes, Público, 26.10.2024, p. 43).

[Texto 20 429]

Léxico: «publicizar»

Não o desperdicemos

 

      «“(Re)estabelecidos em África, os Agudás organizam comunidades em torno de uma identidade brasileira inventada, materialmente publicizada pela arquitectura”, introduz o arquitecto [Gabriel Weber, mestre pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, conquistou a 20.ª edição do Prémio Fernando Távora] na sua proposta, descrevendo esta arquitectura como “produto da liberdade”» («Arquitecto Gabriel Weber vence Prémio Fernando Távora 2024», Público, 9.10.2024, p. 32).

[Texto 20 428]

Léxico: «desamparar a loja»

Clear off!

 

      O nosso leitor R. A. despediu-se de um amigo no WhatsApp com um explícito: «Desampara-me a loja!» Depois, com um grande peso na consciência, consultou o dicionário da Porto Editora e comprovou que não está nem em «loja» nem em «desamparar». Sendo assim, sobrava algum recanto onde o procurar? Sim: nos bilingues. Está num. Vá agora em japonês: あっちへ行け!

[Texto 20 427]

Adjectivos referentes aos pontos cardeais

Um grande equívoco

 

      Talvez não seja a altura ideal para o revelar, mas fiquem a saber que entre os meus antepassados estão judeus asquenazes. Mais uma vez, Porto Editora, as minúsculas indevidas: em asquenaze, escreves que é o «judeu originário da Europa central e oriental». É erro que já vi possivelmente em dezenas de verbetes, mas, mais do que isso, estamos perante um arraigado equívoco: desde quando é que, mesmo na grafia do Acordo Ortográfico de 1990, isto se escreve com minúscula inicial? Nunca! Tanto quanto sei, nos adjectivos referentes aos pontos cardeais que acompanham o nome de partes do mundo, regiões ou países, usa-se sempre a maiúscula inicial: América Central, Europa Ocidental, África Oriental, América Setentrional, Ásia Central, Leste Europeu, Brasil Meridional, Cone Sul, Velho Oeste, etc. Que veja este erro em jornais, revistas, traduções, etc., não me surpreende nada — mas num dicionário?

[Texto 20 426]