Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Léxico: «desvozeamento | francónio-renano | francónio-moselano»

Da Linguística

 

      Está disponível na rede, Porto Editora, lê: «Variação fonético-fonológica do desvozeamento das plosivas e as atitudes linguísticas no hunsrückisch no Sul do Brasil», de  Claudia Camila Lara, do Instituto de Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande, São Lourenço do Sul, Brasil. Só nos faltam três: desvozeamento, francónio-renano e francónio-moselano. E talvez alguma coisa mais.

[Texto 20 444]

Jerusalém Leste — e outros que tais

Não façam isso

 

      «Lei irá impedir, em 90 dias, o trabalho da agência das Nações Unidas na Faixa de Gaza, Cisjordânia ocupada e Jerusalém-Leste» («Israel aprova lei a classificar UNRWA como organização “terrorista”», Maria João Guimarães, Público, 29.10.2024, p. 25). Alguém sabe para que serve o hífen em «Jerusalém-Leste»? Ah sim? Então expliquem lá. Ora, lembremos outro topónimo exactamente igual: Berlim Leste (ou Berlim Oriental): nunca vi este ligado por hífen. E espero nunca ver, porque nem sequer ali faz sentido.

[Texto 20 443]

Léxico: «glossemática | glossemático»

Com que então, em dois bilingues...

 

      Pois, leram bem: é mesmo «marxiano» que ali está. Já por aqui passou em 2013. Ainda alguns leitores não tinham nascido. Precisaremos mesmo de «marxiano»? «F. J. contestou as duas posições: coincidindo grosso modo com a conceção glossemática (matéria, substância, forma), articulou a análise textual rigorosa com a identificação das dimensões político-sociais e históricas dos textos analisados, recuperando, de uma maneira muito orgânica, o modelo marxiano: o neomarxismo, i. e., um marxismo sem hífen depois» («Fredric Jameson (1934-2024). Um marxiano pós-moderno», Salvato Teles de Menezes, Jornal de Letras, 16-29.10.2024, p. 32).

[Texto 20 442]

Léxico: «transcendível | intranscendível»

Acolhamos o par

 

      «Para F. J., este modelo é a única teoria crítica capaz de dar sentido à experiência humana como fenómeno histórico. Usando uma expressão de Sartre, F. J. afirma que o marxismo é o “horizonte intranscendível” (assinale-se que nos seus livros, difíceis de ler, surgem, além de frases arrevesadas, inúmeros neologismos)» («Fredric Jameson (1934-2024). Um marxiano pós-moderno», Salvato Teles de Menezes, Jornal de Letras, 16-29.10.2024, p. 32).

[Texto 20 441]

«Microfrase»?

Já se sabe como é

 

      «Carlos Moedas, em declarações aos jornalistas, insistiu no “crescente sentimento de insegurança em Lisboa”, e teve uma microfrase para a morte de Odair Moniz» («Agora que apelou a assassinatos selectivos, já se pode dizer que o Chega é de extrema-direita?», Ana Sá Lopes, Público, 29.10.2024, p. 40).

      Vejo milhares de coisas, mas creio que nunca tinha encontrado o termo «microfrase». E que «microfrase» de Moedas será essa? Pensei logo numa colagem ao inglês — micro-sentence ou micro-phrase. Mas nada, não há registos do seu uso. Concluo, então, que não passa de invenção de Ana Sá Lopes. Não me admirava nada que quisesse dizer alguma coisa aproximada. Por exemplo? Holófrase.

[Texto 20 440]

Definição: «operação stop»

Operação clareza

 

      «A videovigilância revelou que a versão da polícia era falsa. Vemos um vídeo em que o homem é mandado deitar no chão — uma coisa que não aconteceria com nenhuma pessoa branca, na Avenida de Roma, que não parasse numa operação stop. Quem não percebe isto não percebe mais nada ou partilha dos sentimentos racistas que estão bastante inculcados na sociedade portuguesa» («Agora que apelou a assassinatos selectivos, já se pode dizer que o Chega é de extrema-direita?», Ana Sá Lopes, Público, 29.10.2024, p. 40). Uma coisa é, sempre foi, clara: não há nada que, estando bem, não possa estar melhor. E a definição que encontramos no dicionário da Porto Editora nem está assim tão bem: «conjunto de acções de vigilância realizadas pela polícia, em certos pontos da estrada, mandando parar as viaturas para controlar e detectar possíveis infracções». O que é exactamente «controlar» infracções? Não basta detectar (e sancionar) as infracções? (A propósito, Porto Editora: na primeira acepção de sancionar, eu escreveria assim: «dar sanção a; castigar, punir».

[Texto 20 439]