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Linguagista

Léxico: «mangá»

O mais acertado

 

      «O Vaticano apresentou esta semana a mascote oficial do Jubileu de 2025. A peregrina “Luce” e os seus amigos são inspirados no universo anime e na estética mangá» («Jubileu 2025. Vaticano apresenta mascote inspirada no universo anime», Ricardo Vieira, Rádio Renascença, 1.11.2024, 00h44). É a grafia que eu defendo, até para reproduzir a pronúncia que tem e, de caminho, pôr fim à homografia.

[Texto 20 454]

Sempre Dacota

A não ser que...

 

      Por vezes, lá abrem mão do queridíssimo k: «Não é o caso da Dacota do Norte, onde não é necessário qualquer registo. Para votar neste estado norte-americano, apenas é necessário ter pelo menos 18 anos e ter vivido na região nos 30 dias antes do dia de eleições» («Subornos, duplos votos ou registos falsos. Como pode um eleitor interferir nas eleições dos EUA?», Diogo Camilo, Rádio Renascença, 1.11.2024, 8h15). Vá lá, mas nem sequer em todos os dicionários de língua portuguesa a opção é esta. Na Infopédia, a falha é outra: ora escrevem «no Dacota» ora «em Dacota». Para mim, é sempre no Dacota. Quanto a Dakota, só o edifício na esquina da Rua 72 com o Central Park West, onde morava John Lennon.

[Texto 20 453]

Definição: «meia-idade»

Não tão simples

 

      O leitor R. A. chamou-me a atenção para uma questão que merece reflexão e debate: no excerto do artigo que ontem citei, Jacinto Rêgo de Almeida afirma que os homens de meia-idade terão entre 50 e 60 anos, mas o dicionário da Porto Editora aponta para entre os 40 e os 50: «idade dos quarenta aos cinquenta anos, aproximadamente». Se houver dois dicionários a dizerem o mesmo, é porque se copiaram. Alguns situam o início tão cedo como aos 30 anos e o término aos 60. Porque estamos a falar de uma faixa. Para mim, que nunca antes pensei detidamente na questão, situava-a entre os 40 e os 60, o que julgo corresponder ao que pensam as pessoas à minha volta. Portanto, logo à partida, a definição da Porto Editora não reflecte o que habitualmente se pensa sobre o conceito. Seja como for, temos de admitir que o conceito é lábil e que talvez seja mais provável o consenso sobre quando acaba do que quando começa. Para a OMS, está abaixo dos 60, porque esta é a idade usada para efeitos de monitorização das tendências de saúde dos idosos. Sendo assim, a meia-idade seria até aos 59 anos. E o início? Bem, há um pico de pujança física, a partir do qual é sempre a cair. Pode ser subjectivo, mas eu situá-lo-ia, em média, à volta dos 40 anos. R. A. ainda pergunta se, dada a subida da expectativa média de vida, a definição não terá de ser actualizada. Talvez seja de considerar, o que aliás já se reflecte na definição de dicionários de outras línguas, que apontam para a faixa 45-64. Em suma, a definição de meia-idade da Porto Editora aponta para um término dessa fase da vida que se me afigura arbitrário.

[Texto 20 452]