Não tão simples
O leitor R. A. chamou-me a atenção para uma questão que merece reflexão e debate: no excerto do artigo que ontem citei, Jacinto Rêgo de Almeida afirma que os homens de meia-idade terão entre 50 e 60 anos, mas o dicionário da Porto Editora aponta para entre os 40 e os 50: «idade dos quarenta aos cinquenta anos, aproximadamente». Se houver dois dicionários a dizerem o mesmo, é porque se copiaram. Alguns situam o início tão cedo como aos 30 anos e o término aos 60. Porque estamos a falar de uma faixa. Para mim, que nunca antes pensei detidamente na questão, situava-a entre os 40 e os 60, o que julgo corresponder ao que pensam as pessoas à minha volta. Portanto, logo à partida, a definição da Porto Editora não reflecte o que habitualmente se pensa sobre o conceito. Seja como for, temos de admitir que o conceito é lábil e que talvez seja mais provável o consenso sobre quando acaba do que quando começa. Para a OMS, está abaixo dos 60, porque esta é a idade usada para efeitos de monitorização das tendências de saúde dos idosos. Sendo assim, a meia-idade seria até aos 59 anos. E o início? Bem, há um pico de pujança física, a partir do qual é sempre a cair. Pode ser subjectivo, mas eu situá-lo-ia, em média, à volta dos 40 anos. R. A. ainda pergunta se, dada a subida da expectativa média de vida, a definição não terá de ser actualizada. Talvez seja de considerar, o que aliás já se reflecte na definição de dicionários de outras línguas, que apontam para a faixa 45-64. Em suma, a definição de meia-idade da Porto Editora aponta para um término dessa fase da vida que se me afigura arbitrário.
[Texto 20 452]