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Linguagista

Ai os plurais!...

Só para uma elite

 

      «O antigo deputado Ascenso Simões veio defender, na sua página do Facebook, o presidente da Câmara de Loures. E usou precisamente o argumento de que, para evitar que o Chega tome conta das autarquias da Área Metropolitana de Lisboa, são precisos mais Ricardos Leão» («A vitória do Chega na campanha autárquica do PS», Ana Sá Lopes, Público, 4.11.2024, p. 40). Ao que vai parecendo, a formação dos plurais, ou de certos plurais, ultrapassa a capacidade de compreensão do jornalista médio. Francamente, e logo com um apelido como Leão. «Um leão, dois leão», querem ver?

[Texto 20 463]

Léxico: «angelim-vermelho»

Mais um angelim

 

      «Em uma área de dificílimo acesso no Pará, fica um novo santuário da floresta amazônica, o Parque Estadual das Árvores Gigantes. Criado para conservar espécimes centenários com altura de arranha-céus, o lugar abriga um angelim-vermelho de 88,5 metros que é considerado a árvore mais alta da América Latina» («Maior árvore da América Latina ganha proteção em parque no Pará», Ítalo Leite, Folha de S. Paulo, 2.11.2024, p. A43).

[Texto 20 462]

Léxico: «batedor | peroba-rosa | angelim-pedra»

O martelo dos leilões

 

      «No começo, a cabeça do martelo era feita de peroba-rosa, e o batedor (onde os golpes são desferidos) tinha uma espécie de gongo que trazia algo de “intrigante” para as cerimônias, segundo o artista, já que a peça era de madeira, com acolchoado de couro, e emitia um som metálico. O que Osni tinha em mente ao pensar nesse formato era uma batida suave. Mas tudo isso mudou com Tarcísio. Com as supermarteladas, Osni alterou a madeira da cabeça do martelo para angelim-pedra e abandonou a ideia do batedor com gongo» («Marteladas de Tarcísio obrigaram artesão da Bolsa a mudar trabalho de décadas», Thiago Bethônico, Folha de S. Paulo, 3.11.2024, p. A20).

[Texto 20 461]

Léxico: «cabra-de-caxemira»

As cabras da rainha

 

      Kate Humble, no episódio de sábado, caminhou pela costa montanhosa que acolhe dois dos destinos turísticos mais populares do Norte do País de Gales: a cidade murada de Conwy e a estância vitoriana de Llandudno, outrora conhecida como estância da rainha de Gales. Andam ali pelas colinas do Great Orme cabras-de-caxemira, mas de quando em quando descem à cidade de Llandudno. No reinado da rainha Vitória, a caxemira era o último grito da moda, e a rainha adquiriu o seu próprio rebanho de cabras-de-caxemira. Actualmente são 130.

[Texto 20 460]

Léxico: «açucares redutores»

A razão do nome

 

      «As qualidades organolépticas dos variedades locais de tomate estão relacionadas à sua composição química, especialmente ao teor de açúcares redutores e ácidos orgânicos. Assim, em sua composição, encontramos grande diversidade de compostos de interesse organoléptico, nutricional, funcional e aromático» («Tomates perderam sabor por causa da agricultura intensiva e melhoramentos genéticos», Salvador Soler Aleixandre et al., Folha de S. Paulo, 1.11.2024, p. C15).

      Os açúcares redutores são açúcares que possuem um grupo funcional capaz de reduzir outros compostos, particularmente agentes oxidantes. Este grupo funcional, que pode ser uma cetona ou um aldeído livre, permite-lhes actuar como agentes redutores, daí o nome.

[Texto 20 459]

Definição: «anglosfera | francosfera»

Muito mais amplo

 

      «Jornais devem apoiar candidatos? Não importa qual posição o veículo abrace, ele terá problemas. A opção pelo apoio, o “endorsement” como dizem os periódicos da anglosfera, onde a prática é mais disseminada, gera desconfianças. Embora órgãos da chamada “quality press” se esforcem para separar textos noticiosos dos opinativos, isso nem sempre é percebido pelo leitor, que pode achar que, se o jornal prefere o candidato X, então tudo o que ele publica visa a beneficiar esse postulante. Assim, nada do que sai em suas páginas é digno de crédito» («Jornais devem apoiar candidatos?», Hélio Schwartsman, Folha de S. Paulo, 1.11.2024, p. A5).

      Entrou recentemente no dicionário da Porto Editora, mas carece de uma correcção: «POLÍTICA, HISTÓRIA, MILITAR conjunto de países e/ou territórios sob domínio e/ou influência cultural, política e económica da Inglaterra». É, de facto, nessas áreas que indicas, mas o núcleo central inclui Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Mas é também de considerar outros países, como Irlanda, África do Sul (em menor medida), Índia (pela influência do inglês) e outros países com minorias anglofalantes significativas. O mesmo tipo de consideração se deve ter em relação a francosfera. (Com isto, ficámos a saber que também tens de dicionarizar anglofalante.) 

[Texto 20 458]