Que mundo...
«Emival Eterno da Costa, o cantor Leonardo, teve seu nome incluído pelo governo na chamada “lista suja do trabalho escravo” do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego)» («Leonardo entra em ‘lista suja’ de trabalho escravo», Bruna Fantti, Folha de S. Paulo, 9.10.2024, p. A36).
No Brasil, o Ministério do Trabalho divulga a chamada lista suja, que é o cadastro de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas às de escravo. Ora, ao que suponho, ainda que se lhe pudesse chamar lista negra, a esta atribuiu-se este nome específico. O curioso é que algumas instituições e indivíduos no Brasil falam em «racismo linguístico» (aspas, sim, e, à cautela, sic), e propõem que se diga sempre «lista suja» — para evitar, ai-jesus, o uso de «negra». Hum... e se exigíssemos o mesmo para o uso do adjectivo «branco», o que diriam? Por exemplo, desincentivar fortemente o uso de colarinho branco, cavalo branco (a Porto Editora já segue a recomendação, pois que não o acolhe), lista branca (a Porto Editora já segue a recomendação, pois que não o acolhe), verso branco, greve branca (a Porto Editora já segue a recomendação, pois que não o acolhe), arma branca, magia branca (a Porto Editora já segue a recomendação, pois que não o acolhe), etc. Podia prosseguir, mas creio que já compreenderam a ideia.
[Texto 20 482]
P. S.: Porto Editora, por favor, faz dois verbetes a sério de denegrido/denigrido. Dizer apenas «particípio passado do verbo denegrir/denigrir» não basta.