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Linguagista

Plural dos apelidos

Os Sousas na Baixa

«Todos os anos pelo feriado, Ana e Loures vêm à Baixa para as compras de Natal. Mãe e filha cumprem a tradição, mas desta vez levam menos presentes para casa. A crise assustou os Sousas, que este ano decidiram trocar presentes apenas entre os membros mais chegados da família» (Jornal da Tarde, repórter Pedro Oliveira Pinto, RTP1, 8.12.2011).

[Texto 788]

32 comentários

Montexto 09.12.2011 09:58

Aleluia!
Montexto 03.04.2013 15:44

«72. Há quem suponha que não têm plural os apelidos, e até citam gramáticos que mandam dizer os Almeida, os Castro, os Melo…,

Não se justifica tal, que só tem um pretexto: a prática dos Franceses.

Em português, sempre se disse e se dirá os Albuquerques, os Alcoforados, os Azevedos, os Farias, os Ataídes…

«Os nobres Albuquerques de Viseu eram representados nessa época por…» – Alberto Pimentel, Notas sobre o Amor de Perdição, p. 46. Cf. E. Carneiro Ribeiro, Serões Gramaticais, p. 301.»
Cândido de Figueiredo, Gramática Sintéctica da Língua Portuguesa, Liv. Clàssica Editora, Lx, 1961.
Montexto 03.01.2016 16:09

E o parágrafo 46 da Sintaxe de Epifânio, em que se apontam uns Forjazes, e se contrasta a praxe portuguesa com a francesa.
Mas até no francês ocorre o plural, posto que muito raro.
João de Braga Filho 03.01.2016 19:25

Então já é com chapéu?

Montexto 11.06.2012 21:06

«O repto vem no “Retrato de Ricardina”, de Camilo Castelo Branco. Os irmãos Pimentel, na ruína, são abordados por um abade que pecara na juventude e queria casar duas filhas a troco de um dote de trinta mil cruzados por cabeça. Os irmãos recebem agastados a proposta, depois acalmam-se, depois pedem tempo para reflectir.

Finalmente, escreve Camilo, “os noivos acederam, tirando a partido que a mãe das nubentes se recolheria em mosteiro, antes das núpcias das filhas”. Nada feito. “Voltaram os Pimentéis a reflectir. Acharam-se subitamente filósofos”.»

Camilo, «os Pimentéis»; o moderninho, os «irmãos Pimentel». Nem à mão do mestre da língua e com o seu exemplo diante dos olhos, – nem assim atinam!
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Montexto 09.01.2013 17:05

. «Digo, aqui, que para a empresa [completar um honesto dicionário da língua] fariam minga uns mil Tomazes de Figueiredo, que bem sei que pouco sei. [...]. Uns mil Tomazes de Figueiredo, e upa», p. 18-19;
.«madamas e demoiselas todas a par de recreios de Ladies Chatterlies...», p. 162 do «Dicionário Falado», nas Obras Completas de Tomaz de Figueiredo, Verbo.
*
Tomai lá do Tomaz, ó modernaços, tomai lá Tomazes.
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Montexto 13.01.2013 23:53

De admirar é que Agostinho de Campos tivesse deixado os nomes no singular na sua tradução da Literatura Portuguesa (História e Crítica), de Aubrey Bell, Imprensa Nacional, Lx, p. 197:

«Concludente é, porém, na verdade o estilo das duas obras. Uma só geração não produz dois Fernão Lopes, do mesmo modo que não pode produzir dois Montaigne ou dois Malory.»

Já mais à frente pluraliza o de Gil Vicente: «… a conclusão de que os dois Gil-Vicentes eram tio e sobrinho», p. 140.

Um plural algum tanto… singular, quando menos…
Montexto 14.01.2013 00:01

Com maior precisão, eu devia ter escrito: «... tivesse deixado alguns nomes no singular...»
Cuido até que só lhe aconteceu nesse caso...
Montexto 14.01.2013 13:54

Não, há mais:

. «Além disto, era parente afastado da grande família italiana dos Colonna (como também de Garcilaso)», p. 180.

Mas logo adiante:

«A alguns quilómetros de distância, na disseminada aldeia de Cabeceiras de Basto, tinha outros amigos íntimos, os Pereiras, e um destes dois irmãos, António Nun’Álvares Pereira, fez-lhe presente pouco antes de ele casar, de um manuscrito com as poesias de Garcilaso de la Vega», p. 183.

Intermitências da regra…

Montexto 03.02.2013 22:38

«Muitos rapazes indiscretos paravam a contemplá-lo à portas dos srs. Pintos Leites, na calçada dos clérigos, nos primeiros quinze dias no seu matrimoniamento.»

Camilo, Anos de Prosa, «Conclusão».

*

E tb não os srs. Pinto Leites como dizem que andam para aí a contrabandear.

*

Só se ligados por hífen:

«Pois ignorava que o solar dos Porto-Carreiros, fidalgos mais velhos que a monarquia trezentos anos», etc;

«Duas famílias ventilaram em Portugal e porfiadamente a origem dos Porto-Carreiros» – VII, 66-67, ob. cit.
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Montexto 10.02.2013 18:29

Já aqui citei várias vezes a tradução de Ernesto de Carvalho do Código dos Woosters, de P. G. Wodehouse, editada em tempos pela Aster, cuido que pela década de 80.

Assim mesmo: O Código dos Woosters, com «Wosters» no plural. No original tb se empregou o plural: The Code of the Woosters.

Na Época de Acasalamento, outro romance de Wodehouse, traduzido recentemente por Alexandre Soares Silva e adaptado ao português de Portugal por Carla Hilário Quevedo e Fernanda Mira Barros, com a colaboração do tradutor, e editado pelos Livros da Raposa ou Cotovia, Lx, em 2007, alude-se várias vezes a esse código, mas já aparece «o código dos Wooster», com «Wooster» sempre no singular, cf. p. 109 e 111.

E no final desse livro anuncia-se a nova edição do Código, que eu li já não sei onde que retoma a tradução de Ernesto de Carvalho, e até já foi publicado, mas o título anunciado e reeditado é O Código dos Wooster, com «Wooster» no singular.

*

Ou seja: – autor escreveu o seu livro em inglês, pôs-lhe por título The Code of the Woosters, com «Woosters» no plural; – o tradutor verteu o título para O Código dos Woosters, com «Wooster» tb no plural, como consta do original, e como mandam as praxes da língua portuguesa; – e agora anunciam e reeditam essa tradução alterada para O Código dos Wooster, com «Wooster» no singular, – contra o que reza do original e contra as regras e tradição do português.

Há ou não há uma conspiração de estúpidos contra a língua portuguesa?

Há. Várias e desvairadas.
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