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Linguagista

A língua e as normas ortográficas

Incontáveis as razões de reparo

 

 

      O escritor e filólogo José Soares escreve hoje no Público sobre o Acordo Ortográfico de 1990. Termina assim o seu texto: «Neste Acordo Ortográfico, dito de 1990, aparecem normas e directivas que, por uma certa racionalidade conservadora, contesto. A razia que faz às letras que se não dizem ou lêem e o concomitante apagamento de alguns diacríticos produzem em mim um certo desconforto. É o caso de vocábulos até aqui terminados em -ecto, como directo, recto, tecto, etc., que agora se escrevem direto, reto, teto, etc. Ora, não conhecendo eu as novas regras ortográficas (e mesmo conhecendo-as), posso muito bem (ou muito mal) ler e dizer dirêto, rêto, têto, etc., que é assim que, predominantemente, se lêem ou dizem as palavras em -eto, como folheto, amuleto, esqueleto, etc. É que não foi revogado, nem por fundamentação pertinente da Academia nem muito menos pelo costume, a regra implícita tradicional e etimologicamente correcta do valor fonético daquela consoante c, que faz(ia) abrir a vogal precedente. Mas penso que são incontáveis as razões de reparo que o Acordo oferece. Ou será que passa a ser indiferente qualquer modo de acentuar a tónica como muito bem nos apetecer? Não poderá esta língua aceitar como necessário um paradigma fonético, confirmado na escrita, sem constrangimento dos falares regionais e transnacionais? Penso que sim» («Situações incómodas em português», Público, 6.01.2012, p. 33).

 

[Texto 915] 

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