Como se escreve nos jornais
Arrasador
«Há outras palavras, essas bem portuguesas, que todos ganharíamos em ver afastadas de alguns títulos informativos. Uma delas, que têm [sic] vindo a propagar-se de modo epidémico, sem cuidar sequer de se apresentar como figura de estilo, antes procurando impor-se num desadequado sentido literal, é o malfadado verbo “arrasar”. “BE arrasa projectos do PS e do PSD sobre maternidade de substituição” foi o título destacado escolhido no passado dia 20 para uma notícia das actividades parlamentares da véspera. É só um exemplo, mas foi o que levou o leitor Miguel Azevedo a protestar: “Mais uma vez opinião. Por mim preferia que a jornalista me desse os factos e me deixasse a mim a tarefa de decidir quem arrasou quem”» («Nomes, identidades, escolha de palavras», José Queirós, Público, 28.01.2012, p. 55).
Estamos, por uma vez, de acordo: títulos como o citado não têm nada de informativo. Sabermos que muitas vezes o título não é do jornalista, do autor da notícia, não nos descansa nem, em rigor, muda nada.
[Texto 1029]