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Linguagista

O AOLP90 mal pensado

Uma espécie de argumento

 

 

      «Eu não vou aderir nunca ao acordo ortográfico», escreve o fundador do Clube dos Pensadores, Joaquim Jorge, na edição de hoje do Público. Há muitas pessoas a dizerem o mesmo, mas têm sempre* mais de 50 anos (e 60, e 70...) e não vivem, directa ou indirectamente, da escrita. A mensagem principal, demasiado repetida, é a de que o autor não vai escrever em conformidade com as novas regras ortográficas. «Vou escrever sempre como aprendi e me ensinaram.» «A língua é algo inegociável e patriótico, nada se consegue à força. Eu vou continuar a escrever como antigamente.» «Não contem comigo.» «Quando escrevo um artigo de opinião para um jornal vinco no fim do texto que escrevo ao abrigo do antigo acordo ortográfico, aliás não sei escrever ao abrigo do novo acordo e nem me interessa saber nem perceber.» Argumento (ou ameaça, ou ideia...) final: «Não se muda uma língua por decreto, contra a vontade de um povo e contra a maioria de pareceres técnico-científicos. O que é imposto dificilmente é aceite.» Ah não? Então e a ortografia do Acordo Ortográfico de 1945, aquela que o biólogo Joaquim Jorge usa, é inata, uma dádiva dos deuses?

 

[Texto 1130]

 

 

 

      * Só com uma excepção, que eu conheça: João Pedro Graça, o primeiro subscritor da ILC, que, segundo notícia do Público aqui reproduzida, «abdicou da sua profissão, e está agora desempregado, por se recusar a trabalhar subjugado pelo AO». Só espero que não aufira subsídio de desemprego, pois era como o tipo que mata os pais e depois pede auxílio por ser órfão.

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