«Se» apassivante (ii)
Comprem-se então dois queijos
«O processo passa-se assim:
Diz-se, por exemplo, “Compra-se queijo” ou “Compra-se um queijo”. É uma frase apassivada impessoal (sujeito — queijo).
Se um queijo é pouco, porque não dois... meia dúzia?
E dá-se mais um passo, aliás fácil mas falso, e começa-se a dizer: “Compra-se queijos”; “compra-se seis queijos”.
Se “queijo” era sujeito e “se” partícula apassivante, como deixam de o ser?
Mas não há concordância — dirão.
Pois não, porque a frase está errada. Se num infeliz momento se considerar generalizada essa anomalia e, pior ainda, se os responsáveis concederem tréguas, fique ao menos a História da Língua para explicar o “mistério”» (Nem Tanto Erro!, de Américo F. Alves. Edição do autor, Braga, 1993, p. 113).
[Texto 1296]