E «zé-ninguém» tem plural?
Na prática, porém
Qual é o plural do substantivo zé-ninguém? Talvez não requeira muita reflexão nem pesquisa, mas qualquer leitor já leu, pelo menos uma vez na vida, o próprio singular mal grafado: Zé-ninguém. E, com sorte (ou azar, depende), sem hífen. O plural correcto, dirá qualquer prontuário ou gramática, é zés-ninguém, uma vez que o pronome indefinido não admite plural. Fora da teoria — encontra-se nos livros. De certeza, porque tenho aqui uma anotação, numa obra de Agustina Bessa-Luís, e provavelmente, do que me diz a memória, também em António Lobo Antunes. Memória de elefante. O título? A minha. Não numa edição ne varietur do autor, que eu ainda estou para ler.
«César Wiesel era cidadão francês, expunha em galerias conceituadas e até vendia os quadros a coleccionadores que tanto investiam na pintura como em diamantes e que, entre os artistas em que farejavam a celebridade, tinham um enorme número de zés-ninguéns» (Os Meninos de Ouro, Agustina Bessa-Luís. Porto: Guimarães Editores, 1985, 6.ª ed., p. 214).
[Texto 1501]