«Devido a»
Toda a verdade
«— Devida a — Perguntou-se-me se é portuguêsa a forma devido a.
Pelos jornais, revistas e livros modernos são de cotio frases assim redigidas: — não fui devido à chuva, — fiquei devidos aos negócios, — etc.
Segundo o filólogo Mário Barreto o uso de devido a “é coisa recente”, mas “pode defender-se, considerando esta forma como preposicional.”
Em português de lei temos as formas — em virtude de, — em atenção a, — em conseqüência de, — por causa de, — por obra de, — por amor de, — graças a, — resultante de, — por e outras que tais.
Mário Barreto, que muito a preceito sabia as coisas da língua, fez uso de devido a, como locução preposicional, nêste passo: — “Posteriormente, devido à relação com cerrar, disse-se e prevaleceu em castelhano cerrojo”. (Através, 127.)
Sandoval de Figueiredo nos seus Vícios de Linguagem, pág. 155 e 156, diz que é galicismo a expressão devido a. Mas deixa de o ser “quando devido se emprega como particípio passivo: Isto foi devido a, estas coisas são devidas a, etc. — “O gênero masculino... é devido à influência do vinho”. (Mário Barreto: Novíssimos, 37) — “Estas imperfeições eram devidas à criação quase monástica que recebera”. (Rebêlo: H. de Port., I, 5)» (Canhenho de Português, P. José F. Stringari. São Paulo: Editorial Dom Bosco, 1961, p. 30)
[Texto 1778]