Léxico: «piquenicar»
As aspas, essa doença
«Continuando para sul, encontramos em Aveiro alguns locais agradáveis bem no centro da cidade que pedem uma tarde bem passada a “piquenicar”. No Jardim do Rossio, à beira da ria, não há mesas, mas a tranquilidade e as palmeiras românticas compensam esse pequeno senão. Já no Parque Infante Dom Pedro, também no centro, há um espaço com mesas e bancos, que se esconde entre árvores frondosas» («Levar o farnel na cesta e pôr a mesa ao ar livre», Catarina Reis da Fonseca, Diário de Notícias, 2.08.2012, p. 48).
Espero que a justificação para o uso das aspas não seja a de que o vocábulo não está dicionarizado, porque está. E, sobretudo, mesmo que não estivesse, não precisava das aspas.
«—... e, à tardinha, vi-os piquenicar de cesto e garrafão, entre as camionetas estacionadas no Terreiro do Trigo e em frente do Ministério da Marinha. Alguns vinham a Lisboa pela primeira vez, e atribuíam esse acontecimento maior das suas vidas à própria existência do homem providencial que lhes arengou do alto de uma janela ministerial do Terreiro do Paço» (Café República, Álvaro Guerra. Lisboa: BIS/Leya, 2010, p. 263).
[Texto 1906]