SENÃO/SE NÃO – 23: PARALIPÓMENOS II
Alguns exemplos do que se disse no comento 8: «haver que», na acepção de «dever, ter de, ser preciso», se diz em português destes e doutos modos:
. «É mister que seja simplesmente, puramente, meramente, política, isto é, que pertença ao domínio público totalmente, unicamente, provativamente, exclusivamente, absolutamente.» Rui Barbosa, O Direito do Amazonas ao Acre Setentrional, I, 156, algures, aqui o lado).
. «Porque, visto não indicar nome algum, é forçoso pensarmos no Provedor-mor [sic] do governo da cidade de Goa.» Wilhem Stork, Vida e Obras de Camões, trad. de Carolina Michaelis de Vasconcelos, Bonecos Rebeldes (raio de nome!), Lisboa, 2011, p. 384.
E não: há que reconhecer que não podia dizê-la… há que nascer com elas para fazê-las cedo… haveria que confessar-lhe que estivera à escuta… etc.
E portanto erra o meu caro Jorge Guimarães Daupiás neste lugar das suas excelentes Novas Recreações Filológicas, Lisboa, 1962/63, p. 144, quando se deixa escrever: «Há que felicitar o autor por esse facto, não de coragem, mas de lógica.» Escrevesse: «É preciso, é necessário, é força, é forçoso, é mister, faz-se mister, cumpre, releva, urge, temos de felicitar, ou ainda melhor, congratular o autor», etc., se queria escrever português lídimo.