Como escrevem os catedráticos
Alguns, pelo menos
Escreve Maria José Azevedo Santos, catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e especialista em Paleografia Medieval e Moderna, bem como História da Escrita, no suplemento «Q», do Diário de Notícias: «Não tenho qualquer pudor em dizer que sou leitora diária e consultora de dicionários. Para além da língua sou uma apaixonada pelo interior da palavra e sou mesmo dependente para a minha escrita de trabalho de investigação. O dicionário, ou melhor, os dicionários são um conjunto de ferramentas para dar uso ao rigor da palavra. Uma pessoa como eu, no magistério há mais de três décadas, tem por obrigação dar boa palavra oral e escrita. Falar melhor e escrever melhor só ‘lendo’ os dicionários tal como este [Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora]. Poderá parecer estranho para algumas pessoas mas eu leio dicionários. Não os consulto, apenas. Aprecio, de sobremaneira, a forma como a palavra se cruza com os seus significados. As milhares de entradas lexicais que os dicionários vão recebendo são um desafio para quem tem a escrita como ferramenta» (Maria José Azevedo Santos, «Q»/Diário de Notícias, 6.07.2013, p. 5).
Ah, sim há ali muito para despiorar, mas o que mais me surpreendeu, vindo de quem vem, é aquela afirmação inicial: pudor em dizer que se consultam dicionários!
[Texto 3057]