Os que nos precederam
Esses são os clássicos
«Ambos acreditavam», lê-se numa magnífica biografia que está agora no prelo, «que a genialidade só pode ser alcançada através do estudo daqueles que os precederam.»
[Texto 3380]
Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Esses são os clássicos
«Ambos acreditavam», lê-se numa magnífica biografia que está agora no prelo, «que a genialidade só pode ser alcançada através do estudo daqueles que os precederam.»
[Texto 3380]
2
E depois, quando mais não seja, para espancar a epidemia ml (memento = maluquinha da língua), hemos de nos ir edificando com o que sentiam alguns deles e outros, alguns já conversados naquele lugar, mas nunca será de mais ouvi-los:
2 – I Epígrafe
Mettez bout à bout les pages que vous avez copiées au fil de vos lectures : cet ensemble, sans qu’il contienne une seule ligne qui soit de vous, pourra parfois composer le meilleur portrait de votre esprit et de votre cœur. Ces mosaïques de citations ressemblent à un «collage» pictural: tous les éléments sont empruntés, mais leur ensemble forme une image originale.
Simon Leys, L’Ange et le cachalot, Seuil, 2002, p. 148
2 – II Epígrafe
Excusez cette abondance de citations ; il ne s` agit pas la d’une pédanterie; simplement il se fait que, ces quinze dernières années, j´ ai fréquenté les livres plutôt que les gens; et puis, à quoi bon réinventer maladroitement ce que des bons écrivains ont mieux dit avant nous ?
Simon Leys, L’Ange et le cachalot, Seuil, Paris, 2002, p. 71.
2 – III Epígrafe
Critiquer s’est facile. Là où l’on se compromet, où l’on montre son goût, c’est en admirant. Il faut du courage pour admirer.
Jacques Chardonne, carta de 31 de Julho de 1954 a Roger Nimier, Correspondance, Gallimard, 1984
2 – IV Epígrafe
Pero es menester que la gente deje de ser bestia y acierte a estremecerse cuando es hora de temblar, que no es sólo la de la muerte, sino siempre que hay a la vista algún síntoma de soberana humanidade. Otra cosa es aldeanismo y estolidez.
Ortega y Gasset, Sobre la caza, los toros y el toreo, Alianza, Madrid, 1999, p. 27.
2 – V Epígrafe
Et, puis, vous savez, peu de choses m’excitent autant que de rencontrer un homme que j’admire.
V. S. Naipaul, entrevista com Bharati Mukherjee e Robert Boyers, Salmagundi 54, Outono de 1981, in Pour en finir avec vos mensonges – Sir Vidia en conversation, Editions du Rocher, Mónaco, 2001
2 – VI Epígrafe
On ne doit jamais écrire que de ce qu’on aime. L’oubli et le silence sont la punition qu’on inflige à ce qu’on a trouvé laid et commun, dans la promenade de la vie.
Ernesto Renan, Souvenirs d’enfance et de jeunesse, prefácio, em linha.
*
Mas perdia-se muita fúria e ódio sagrado. Não se escreviam as polémicas camilianas, etc. Mas o princípio é bom.
*
Até amanhã, amigos. Por hoje vou «bater em retirada», como diz o vosso V., que está a repassar o Epifânio. Talvez lhe aproveite. Antes tarde do que nunca. Se bem que, etc.
Não mais, amanhã há mais.
(Sim, ficou-me a música do Agualusa.)
3
Como tem sido ultimamente muito citado neste sítio, continuemos com ele: «Je ne crois qu’à ne seule chose, voyez-vous, qui est le style classique. La seule question que je ne cesse de me poser est la suivante: «Est-ce que c’est intemporel?» Je veux dire, en tant que sujet. «Est-ce que c’est intemporel?» Parce qu’autrement je ne vais pas y consacrer le moindre effort.
Truman Capote, em conversa com Andy Wharol, «Un dimanche avec Mister C.», Entretiens, Rivages, 1988.
4
My literary education, as you will have seen by now, has been for the most part classical – classical prose and classical drama. The realists and naturalists, to be perfectly frank, don’t interest me very much.
Alberto Moravia à Paris Review
5
As novidades literárias não me interessam assim tanto. Interessam-me mais os clássicos.
José Mattoso, entrevista à revista Ler, Setembro de 2010.
6
Derrière le reproche plutôt délirant d’écrire comme les classiques, je sais que l’on m’a envié plus souvent de les avoir lu et d’avoir eu parfois la liberté de raisonner comme eux.
Guy Debord, ‘Cette mauvaise réputation…’, Gallimard, Folio, 1998, 76.
Um ultramoderno hiperclássico, ou seja, a quadratura do círculo resolvida.
7
Aquilino, Teixeira Gomes, Vasco Pulido Valente, Saramago, eles não entram nesta história. Entram noutra, não menos entusiasmante: a da sobrevivência da escrita clássica – e de miraculosa sobrevivência se trata, vendo-se o que aqueles, os outros, andaram, andam fazendo.
Fernando Venâncio, Maquinações e Bons Sentimentos, Campo das Letras, 2002, 74.
8
La littérature classique est écrite par d’honnêtes gens pour l’honnête homme.
Jean d’Ormesson, Une autre histoire da la littérature française, Gallimard, Folio, 2005, I, p. 57.
9
O estilo, tão esquivo de alcançar por Flaubert e seus discípulos, vinha sem esforço algum aos escritores do século XVI. A força de carácter, o despreendimento, o entusiasmo absorvente, a singeleza de propósito, tais são as qualidades do misticismo na sua melhor expressão, e, se também se mostra por vezes vago e confuso, não acontecia isso com os grandes escritores religiosos e místicos do período áureo da literatura portuguesa. Para eles, o misticisno não era uma virtude nebulosa nem um humanitarismo abstracto e amortecedor de percepções, não era um nevoeiro, mas uma coluna de fogo em cuja luz melhor se evidenciavam os factos e pormenores da realidade. Entretanto, se a intensidade do sentimento de muitos místicos tem o seu natural complemento no fervor e vigor directo da sua prosa, nem a todos assim sucedeu, e não foi somente em obras profanas que a língua portuguesa caiu nos laços do que em Espanha se chamou culteranismo. Tanto mais notáveis são a pureza, o gosto admirável, a simplicidade e o encanto de alguns dos prosadores mais recentes, do séc. XVII.
O segredo desta prosa está no próprio culteranismo, cujos conceitos e objectivos se baseavam no reconhecimento do valor das palavras: todos [os] seiscentetistas se puseram a brincar com as palavras como se fossem pedras preciosas por engastar; e, entre outros, os escritores mais criteriosos ou mais inspirados interessavam-se também no jogo, mas sabiam escolher para si as pedras genuínas, deixando as outraas àqueles que não conheciam a diferença das jóias para os vidros corados.
Aubrey Bell, A Literatura Portuguesa, 1971, p. 312.
10
Un éminent écrivain a dit justement que le XVII.e siècle était comme une second antiquité, et que l’on devait, en publiant les auteurs de cette grande époque, les entourer du même respect, de la même attention que les classiques de l’antiquité grecque ou romaine.
Charles Louandre, no «Avis» das Provinciales, de Pascal, Charpentier, 1862, em linha.
Continua – ah! to be continued, em bife.
Até amanhã, camaradas.