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Linguagista

French Quarter, Bairro Francês

Como eu estava a dizer

 

      Bem podemos imaginar que este escreveria também «Street»: «O suspeito, que foi morto a tiro pelas forças de segurança, tinha várias armas e um possível engenho explosivo improvisado na viatura usada no atentado, adianta o FBI. Outros engenhos explosivos improvisados foram encontrados no French Quarter» («Investigada possível ligação entre ataque em Nova Orleães e explosão em Las Vegas», Ricardo Vieira, Rádio Renascença, 2.01.2025, 00h43). «Além disso, o FBI disse ter encontrado no Bairro Francês outros dispositivos eletrónicos explosivos, o que levou a agência a afirmar ter motivos para que o antigo militar não tenha agido sozinho. Segundo a BBC, Jabbar frequentou a Universidade Estadual da Geórgia entre 2015 a [sic] 2020» («FBI suspeita de mais envolvidos no ataque terrorista de Nova Orleães», César Avó, Diário de Notícias, 2.01.2025, p. 3). «Uma carrinha atropelou ontem várias pessoas às 3.15 horas da manhã (9.15 horas em Portugal continental) no Bairro Francês, em Nova Orleães, matando pelo menos dez pessoas e ferindo mais de 30» («Apoiante do Estado Islâmico mata dez e é abatido pela Polícia», Gabriel Hansen, Jornal de Notícias, 2.01.2025, p. 20). Lá está: Geórgia.

[Texto 20 718]

 

Tradução: «red notice»

Alerta!

 

      «O homem que era alvo de um mandado de detenção europeu, constando de notícia vermelha na Europol, estava a cumprir sete anos de prisão, decretados pelo Tribunal de Matosinhos pelos crimes de furto, violência depois da subtração e falsificação de documentos. É considerado como o menos violento dos cinco reclusos que conseguiram escapar da cadeia de Vale de Judeus» («Cúmplices da Máfia de Leste levam PJ a apanhar evadido», Alexandre Panda, Jornal de Notícias, 11.12.2024, p. 14).

      Dois problemas, pelo menos: em inglês é, de facto, red notice, mas, a meu ver, a melhor tradução é alerta vermelho. Segundo problema: o sistema formal de alertas da Europol não é por cores. Esse sistema é da Interpol.

[Texto 20 628]

Nomes próprios coreanos

E se parassem cinco minutos para pensar?

 

      «O prazo para que fosse votada a moção de destituição do Presidente, Yoon Suk-yeol, só terminava depois da meia-noite (00h48 em Seul, 15h48, em Portugal continental), mas a sessão da Assembleia Nacional da Coreia do Sul, boicotada pelo partido no poder, acabou por não se prolongar até ao limite» («Partido no poder negoceia “forma ordenada” para demissão de Yoon», Sofia Lorena, Público, 8.12.2024, p. 19).

      Em português, os nomes coreanos não têm obrigatoriamente de ser escritos com hífen, embora essa prática seja com frequência utilizada para reflectir a transliteração mais comum do coreano para o inglês ou outros sistemas de escrita. Contudo, é um critério editorial que, se for seguido de forma consistente, ajuda a perceber que os nomes hifenizados constituem o nome próprio, que há ali uma unidade. No caso de Yoon Suk-yeol, em coreano escreve-se 윤석열, em que 윤, o apelido, é transliterado como Yoon, e o nome próprio, 석열, como Suk-yeol. Na romanização revista do coreano, que é o sistema oficial na Coreia do Sul, os nomes são geralmente escritos com um espaço entre cada nome. Hifenizar estes nomes é assim, repito, mera opção editorial. Seja qual for a opção, tem se ser seguida de forma consistente, o que, infelizmente, não acontece. Veja-se este exemplo, repetido todos os dias, de gritante inconsistência: «O líder parlamentar do Partido do Poder Popular (PPP), Choo Kyung-ho, garantiu ontem que todos os deputados da formação política do presidente Yoon Suk Yeol vão rejeitar amanhã a moção para a sua destituição apresentada pela oposição depois da declaração da lei marcial» («Partido do poder segura Yoon, que nomeia novo ministro da Defesa», Susana Salvador, Diário de Notícias, 6.12.2024, p. 20). Como é que a jornalista não vê que está a tratar de forma desigual o que é igual? Como? É que no mesmo artigo escreve ainda outros nomes, e não apenas Choo Kyung-ho. Não, seguem-se Han Dong-hoon, Lee Jae-myung, Kim Yong-hyun, Choi Byung-hyuk, todos com hífen. E, como disse, é assim todos os dias: só o nome do presidente não é hifenizado. (Aproveito para dizer que não concordo com a definição de romanização no dicionário da Porto Editora: «acto ou efeito de romanizar; adaptação aos costumes romanos». Ora tentem lá adivinhar porquê.)

[Texto 20 619]