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Linguagista

«Valores recordes»

Só para saberem

 

      «A concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera atingiu valores recordes em 2023. É disso que nos fala o “Minuto Verde” de hoje», dizia anteontem Dina Aguiar, pelas 17h41, no Portugal em Directo na RTP1. E é uma jornalista, pelo que já podem ver que o falante comum tende também naturalmente a dizer assim.

[Texto 20 510]

Léxico: «divisório»

Assim está bem

 

      Cá está, não é preciso lançar mão do termo inglês mascarado de português: «É uma América ressentida com a globalização, que quer ser proteccionista, isolacionista, que embarca em teorias da conspiração, e vive bem com a mentira, que se sente mais bem representada pelo discurso violento e divisório do que por uma ideia de união e de integração» («Isto é a América», David Pontes, editorial, Público, 7.11.2024, p. 10).

[Texto 20 491]

 

Mal por mal, ficamos com «obsceno»

O que vou ouvindo por aí

 

      Ultimamente, tenho vindo a reparar que o adjectivo obsceno no sentido da terceira acepção que encontramos, por exemplo, no dicionário da Porto Editora («que gera indignação pelo seu carácter ofensivo ou atroz»), cujo uso nem todos os falantes compreendem, está a ser substituído por pornográfico. A última vez que o ouvi foi precisamente na terça-feira, no programa, a que nunca acho graça (mas há-de ser problema meu), Faking News, na TSF. Como são parcialmente sinónimos, deu-se esta mudança. Agora é rezar para que não passem a dizer lascivo ou lúbrico. Por exemplo, a frase do meu texto anterior, sobre tórico, ficaria assim na boca destes neofalantes: «Os poucos que estão dispostos pedem valores pornográficos.» Pois, não ficaria nada bem.

[Texto 20 485]