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Linguagista

Léxico: «divisivo»

Meio latino, meio inglês

 

     «Não houve um único político britânico que não condenasse a retórica preconceituosa e ofensiva de Trump, nomeadamente o primeiro-ministro, David Cameron, que expressou o seu profundo desacordo com as “declarações estúpidas, erradas e divisivas” do milionário» («Clinton a caminho do sonho mas a ameaça Sanders é cada vez mais real», Alexandre Martins, Público, 19.01.2016, p. 24).

  «Divisive, stupid and wrong», disse Cameron. Aquele «divisivo» é, evidentemente, alienígena, mas vejo-o registado no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora e no Dicionário Houaiss (2003). O Sr. Sacconi não o registou. Nem José Pedro Machado. Nem o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa. Nem Rebelo Gonçalves. No entanto, temos de o reconhecer, é termo — meio latino, meio inglês — que nos faz falta.

[Texto 6551]

Português (a)celerado

Adeus, Miguel Barbosa

 

    «Com a disputa da penúltima etapa do Dakar pilotos e equipas despediram-se também do enorme bivouac que, ao longo de quinze dias, acolheu toda a caravana. A assistência, toda a parte mecânica e logística da prova funciona lá. É no bivouac que são servidas as refeições em horários específicos. É também no bivouac onde é feito todos os dias o briefing onde são dadas 
as indicações para o dia que se segue» («Adeus bivouac», Miguel Barbosa, Público, 16.01.2016, p. 49).

   «Você não faz noção, Miguel Barbosa», diria de novo Pilar Sacramento. Então, se quer mesmo usar a palavra, que seja aportuguesada, bivaque. Bem, os Espanhóis adaptaram-na para vivac. Adeus, Miguel Barbosa, estude também a pontuação com o vocativo.

 

[Texto 6547]

Um anglicismo desnecessário

Está bem, não são ovas

 

  «O que se come do ouriço-do-mar são as gónadas (o sistema reprodutor muitas vezes, incorrectamente, chamado “ovas”) e o seu valor é maior no período pré-reprodutor, entre Janeiro e Abril, quando se encontram mais desenvolvidas. Isto significa, naturalmente, que a apanha está a comprometer os futuros stocks, impedindo a reprodução natural dos ouriços» («Ericeira prepara-se para ser a grande maternidade dos ouriços em Portugal», Alexandra Prado Coelho, Público, 26.04.2015, p. 19).

      Ficamos a saber que, afinal, são as gónadas e não ovas. Para darmos alguma coisa em troca, diremos que stock é um anglicismo desnecessário. Entre outros, a jornalista podia usar o termo «reserva».

 

[Texto 5790]