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Linguagista

Léxico: «verdejo»

Siempre hay tiempo para un verdejo

 

      Tal como chianti, por exemplo, está (e, ao mesmo tempo, não está, pois só o encontramos — com a definição! — em bilingues) no dicionário da Porto Editora, e assim mesmo, em redondo, vejo que também é necessário dicionarizar verdejo. Pois se em todas as obras de Arsuaga e Millás bebem um copo de verdejo, está na hora. Assim: verdejo (vinho branco da região espanhola de Rueda).

[Texto 21 199]

Léxico: «laplaciano | demónio de Laplace»

Nada demoníaco

 

      Fala-se aqui num romance (no prelo) no demónio de Laplace. Uma personagem (real) pergunta a outra se sabe o que é. Não sabia — e eu também não sabia que o dicionário da Porto Editora não acolhe o vocábulo laplaciano. Quanto ao demónio (ou intelecto) de Laplace FILOSOFIA, FÍSICA entidade hipotética concebida por Laplace no século XIX, dotada de conhecimento absoluto das leis da Natureza e do estado de todas as partículas do Universo num dado instante, que, com base nesses dados, poderia prever todos os acontecimentos futuros e reconstruir integralmente o passado, simbolizando assim uma concepção determinista do mundo; também chamado intelecto de Laplace.

      Curiosamente, o romance desenvolve ainda a ideia num diálogo delicioso em que se argumenta que até a escolha de um prato de grão-de-bico pode ser lida como efeito inevitável de causas anteriores — uma mise en abyme do determinismo laplaciano em forma de ementa. E há até uma personagem que vai mais longe, sugerindo que Deus, no seu saber absoluto, é, no fundo, uma espécie de demónio de Laplace — com auréola ou com a imortalidade inscrita nos genes.

[Texto 21 198]

Léxico: «futurível»

Porque não é só adjectivo

 

      Um grande tema, o dos futuríveis: o que teria acontecido se naquele dia de fins de Setembro de 2000 não tivesse ido àquele encontro na Avenida da Liberdade, à esquina do Palácio Foz com a Calçada da Glória? (Para já, não teria ouvido aquele paquistanês a querer, e conseguir, vender-me uma rosa: «Quefrô?) O problema é que a Porto Editora define muito mal futurível: «que pode acontecer no futuro; possível». Quando devia dizer futurível adjectivo que pode vir a realizar-se num futuro hipotético, desde que determinadas condições sejam satisfeitas; diz-se de acontecimentos ou estados possíveis mas ainda não ocorridos | nome masculino facto ou acontecimento que não chegou a realizar-se, mas cuja ocorrência seria possível se certas circunstâncias tivessem sido diferentes; usado em raciocínios contrafactuais ou previsões condicionais.

[Texto 21 197]