Antepasto, pasto e sobrepasto...
Se é antes, ante-
O que comia Camões? É o que se procurou dar a conhecer numa iniciativa que decorreu na Casa da Escrita, em Coimbra. «A confeção do jantar foi orientada pelo chefe Luís Lavrador. A ementa foi criada a partir de receituários do século XVI, tendo sido adotada a terminologia da época: antipasto, pasto e sobrepasto, acompanhados com vinhos odoríferos» («O que comia Camões? Ao “Sabor da Escrita”...», Miguel Midões, TSF, 19.03.2016).
Não, Miguel Midões, é antepasto — como em «antediluviano» —, antes do pasto. E depois vem o sobrepasto ou pospasto. Para o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, «pasto», no sentido de «alimento, comida», só existe integrado na locução «casa de pasto», o que não é correcto. Para o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, existe mesmo fora daquela locução, mas pertence ao registo familiar. E, por fim, ainda temos o repasto, que tanto (!) pode ser refeição, opípara, opulenta como refeição vulgar.
«Antidiluviano» é erro muito comum; por óbvias razões de frequência de uso, «antipasto» é menos comum, mas era erro previsível.
[Texto 6698]