Dativo de interesse
E agora?
«E agora, menino, lava-me essa cara, veste-me roupa lavada e toca a trabalhar!» (Ondas sobre a Areia, Fausto Lopo de Carvalho. Lisboa: Sociedade de Expansão Cultural, 1960, p. 220).
Uso muito esta construção, que deixa a minha filha a rir a bandeiras despregadas, e garanto que nunca é qualquer coisa semelhante a «limpa-me essas trombas!», não. Agora, talvez até já nem faça parte das gramáticas, sei lá. Dantes, dava-se-lhe o nome, que aprendi em Latim, de dativo de interesse (dativus commodi et incommodi). Repare-se que, e por muito estranho que pareça, aquele me não tem função sintáctica.
[Texto 8004]