Léxico: «berbigoeira/berbigoeiro»
Por isso não surpreende
«Este molusco bivalve [amêijoa-japonesa] vive enterrado a cerca de 4 cm da superfície em sedimentos arenosos e vasosos das zonas “intertidais” e “subtidais”» («Apreendidas 89 toneladas de amêijoa. GNR alerta para risco de saúde pública», Luciano Alvarez, Público, 6.01.2018, p. 14).
Intertidal e subtidal são anglicismos desnecessários, o que o jornalista tinha obrigação de saber. Mas os dicionários também não ajudam: recorde-se que entremarés só foi, por sugestão minha (aqui), para o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora no fim do passado mês de Dezembro.
Em relação às técnicas de apanha da amêijoa-japonesa no estuário do Tejo, o artigo refere-se ao berbigoeiro apeado e ao berbigoeiro com vara. Aquele dicionário apenas regista berbigoeira, «nome dado à rede de apanhar berbigões, na ria de Aveiro». E se for usada no Tejo, já não tem nome? Como sucede com o nome de outros utensílios, a forma feminina coexiste muitas vezes com a forma masculina, pelo que a deviam ambas estar dicionarizadas e a definição ser revista.
[Texto 8551]