Léxico: «bomba de gasolina» e outras miudezas
Falhas e dúvidas
«Uma jornalista de 29 anos morreu na noite de quinta-feira na sequência de um tiroteio em Londonderry, na Irlanda do Norte, que está a ser investigado pela polícia como um “incidente terrorismo”. Vários atos violentos marcaram a noite de quinta-feira em Creggan, na cidade de Derry, onde se registaram lançamentos de bombas de gasolina contra carros da polícia e um tiroteio que acabaria por ferir mortalmente uma jovem jornalista» («Jovem jornalista morta na Irlanda do Norte em “incidente terrorista”», TSF, 19.04.2019, 12h49).
Esta é nova. Pelo menos, não me lembro de alguma vez a ter visto num jornal. É, sem dúvida, uma boa forma de evitar um estrangeirismo — cocktail molotov. (Não atino com a razão de a Porto Editora não o grafar em itálico e estar num verbete autónomo. Estranhamente, no verbete cocktail só vamos encontrar (também sem o itálico) cocktail dinatoire, que eu desconhecia, e que define como a «reunião social em que se combina o serviço tradicional de bebidas com a apresentação de pratos mais substancias do que os habituais aperitivos, fornecendo, assim, uma refeição semelhante ao jantar» (sim, já vi a gralha). E onde pára o portuguesíssimo (no nome deturpado) pudim Molotov?
Claro que não me escapa o motivo de terem escolhido a locução «bombas de gasolina»: na imprensa de língua inglesa, lê-se petrol bombs. Imprensa espanhola: explosivos molotov. Imprensa francesa: cocktails Molotov. Imprensa catalã: còctels Molotov. Imprensa italiana: bottiglie Molotov. Imprensa romena: cocteiluri Molotov. Imprensa alemã: Brandsätze. Etc.
[Texto 11 226]