Léxico: «clamídia»
Quase in albis
«O jornal i refere que “estão a aumentar os diagnósticos de DST”, tendo em 2018 sido diagnosticados “976 casos de gonorreia, 996 de sífilis e 600 de clamídia”, sendo a maioria dos casos relativos “às áreas metropolitanas de Lisboa e Porto”» («Doenças sexualmente transmissíveis. “Portugal precisa de apostar muito na prevenção”», Rádio Renascença, 20.05.2019, 13h54).
A primeira coisa que o clamidoso faz é arrepender-se, aposto. A segunda é ir a um dicionário. Se consultar o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, fica quase em branco: «BIOLOGIA género de microrganismos patogénicos para diversos animais incluindo o homem». Nem se diz que a clamídia é uma bactéria que causa uma infecção sexualmente transmissível, nem que é causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, nem que, atingindo na maioria das vezes os órgãos genitais, também pode afectar a garganta e os olhos. Nada. Como se fosse tabu. (Está bem, «clamidoso» é invenção minha; mas já tenho lido «gonorrento».)
[Texto 11 388]