Léxico: «comércio jurídico»
Faz mais falta do que outras
«Recordando a falta de capacidade de resposta, quer em meios humanos, quer em equipamento informático, verificada aquando do piloto do cadastro simplificado, que determinou a gratuitidade do registo, a associação de conservadores dos registos [Associação Sindical dos Conservadores dos Registos (ASCR)] afirmou que “o alargamento do projeto a todo o território nacional vai criar sérios entraves ao comércio jurídico”, nomeadamente a venda de terrenos, uma vez que “a georreferenciação, indiretamente, acaba por ser obrigatória, porque ninguém vai poder transacionar os prédios sem a ter”» («Incêndios. Conservadores dos registos preocupados com fidedignidade do cadastro simplificado», Rádio Renascença, 3.05.2019, 12h49).
O dicionário da Porto Editora acolhe três locuções de que faz parte o vocábulo «comércio» — comércio de emissões, comércio electrónico e comércio justo —, mas não este comércio jurídico. Ou seja, tirando o primeiro, que não é claramente auto-explicativo, faz mais falta a dicionarização deste. Diga-se, em todo o caso, que é assim impropriamente designado — trata-se pura e simplesmente das relações dos membros da comunidade entre si e dos membros com a comunidade, que estão garantidas por vários princípios jurídicos.
[Texto 11 302]