Léxico: «conina»
Codornizes e dicionários
Sabem porque é que os Israelitas, depois da grande escassez que se seguiu à saída do Egipto (c. 1400-1300 a. C.), caíram como tordos quando comiam codornizes? Não sabem? Então, leiam a Bíblia (Nm 11,32-33). Noutro livro das Sagradas Escrituras encontrarão esta cominação: «Não comereis nenhum animal morto» (Dt 14,21). Ora, apanharam as codornizes na sua migração primaveril, quando há escassez nos campos e aquelas aves lançam mão — enfim, pata ou bico — de tudo, incluindo ervas venenosas, e entre elas a cicuta, que contém um alcalóide, a conicina, ou conina, ou cicutina. Este intróito serve apenas para falar da definição de conina no dicionário da Porto Editora: «FARMÁCIA alcalóide muito venenoso extraído da cicuta, também denominado conicina, conina, etc.» Primeiro: não tem de estar submetido ao domínio farmácia (ou perguntem aos desgraçados que ficaram com as codornizes nos dentes) nem se tem de dizer que é extraído da cicuta. Não: é um alcalóide que a cicuta contém.
[Texto 11 989]