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Linguagista

Léxico: «feito de»

Nova tentativa

 

      «Uma equipa de dez investigadores do Instituto Politécnico de Viseu (IPV) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro está a desenvolver um produto alimentar criado à base de insetos. A farinha de zângão foi criada há mais de um ano e já recebeu um prémio. A ideia partiu de um desafio feito a Paula Correia. [...] A farinha de zângão deverá começar a ser comercializada dentro de um ano, mas para que isso aconteça tem primeiro que ser concluído o registo deste produto no catálogo nacional de alimentos» («Pão e biscoitos feitos a partir de farinha de zangão», José Ricardo Ferreira, TSF, 17.12.2019, 9h31).

      O problema está, não na farinha de zângão (que tem «um ligeiro sabor picante» — vivos ou mortos, picam sempre), mas na fraseologia: basta escrever, José Ricardo Ferreira, «feitos de». O pior — pior, porque num dicionário, que vai permanecer por décadas e ser lido por muita gente — é que a Porto Editora também cai repetidamente no mesmo erro em várias definições. Já esta semana, na definição de «hemoderivado», por exemplo: «que ou substância que é produzida a partir do sangue ou dos seus constituintes». Ora, «feito de» é mais português, mais curto, mais lógico. Precisarão, acaso, de mais razões?

 

[Texto 12 490]