Léxico: «holandinha»
Têm de estar as duas
Ontem vi o programa Os Cárceres do Império, da série «História a História África», de Fernando Rosas, na RTP2. A propósito da Colónia Penal do Tarrafal (1936-1954), mais tarde, em 1961, rebaptizada, cinicamente, Campo de Trabalho de Chão Bom, Fernando Rosas mostrou e falou da holandinha, o nome que os presos davam à cela disciplinar, sucessora da frigideira, um cubículo de betão armado, bem exposto ao sol, de 90x90x165 (segundo Victor Barros, in Campos de Concentração em Cabo Verde. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2009, p. 161). É caso para dizer que os presos saíram da frigideira para cair no lume. Ora, se frigideira está no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, de holandinha esqueceram-se. Vamos lá contar tudo bem. Eu até nem sei se os dicionários gerais, como este, não deviam também registar o termo Flechas, a milícia africana privativa da polícia portuguesa de então. Já se sabe: não aparece, esquece.
[Texto 8331]