Léxico: «marrequinha»
O mesmo pato
«Na opinião da SPEA [Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves], cinco das nove espécies de aves contempladas na lista cinegética em discussão não deveriam lá estar, já que não é tido em conta a sua abundância, o seu estado de conservação ou a sua importância ecológica. O principal problema apontado é o facto de algumas apresentarem um número reduzido de exemplares, já que isto prejudicaria a capacidade da espécie perdurar. É o caso de três espécies de patos migradores: o Pato-real, a Marrequinha e a Piadeira» («Ambientalistas querem tirar algumas aves da mira dos caçadores açorianos», Maria Wilton, Público, 31.10.2017, p. 21).
Maria Wilton, nos pormaiores parece-me estar tudo bem — agora é tempo de tratar dos pormenores. Mas avancemos para outras considerações. Para quê a maiúscula inicial nos nomes das aves? No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora podemos ver o pato-real (Anas platyrhynchos) e a piadeira (Anas penelope), mas não a marrequinha (Anas crecca). Regista, sim, marrequinho, que remete para marreco; contudo, como neste verbete não está o nome científico — que ando há anos a sugerir que seja incluído em todos os verbetes em que se aplique —, o consulente não pode afirmar que se trata da mesma espécie. Mas sim, ao que parece, a marrequinha e o marreco são dois nomes da mesma espécie. Vejamos a definição: «nome extensivo a umas aves palmípedes da família dos Anatídeos, muito frequentes em Portugal durante o Inverno, também designadas por marreca, marrequinho, parreco, etc.» Quando consultamos os verbetes dos sinónimos, marreca e parreco, ficamos desiludidos, pois nenhum deles regista o nome científico.
[Texto 8281]