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Linguagista

Léxico: «peixe-galo/ bêntico/ bentónico»

Muito longe da perfeição

 

      «A cena bíblica que é a base estrutural da eucaristia foi uma das mais reproduzidas através dos séculos, mas não podemos inferir através destas representações sobre o que ali se comeu — até porque o espírito do artista ou a luz da época sentou e deu de comer de forma diferente a Jesus e aos doze Apóstolos. “Na última ceia de Giotto [ver caixa] aparece em cima da toalha peixe, porque o peixe é um símbolo da Igreja cristã. Os devotos de Cristo faziam no chão o símbolo do peixe para se identificarem uns aos outros. O peixe que é utilizado no milagre da multiplicação é o peixe-galo. Como é que se chama o peixe-galo em francês ou inglês? Saint Pierre ou Saint Peter (São Pedro), por causa daquelas duas marcas que o peixe tem na cabeça. Diz-se que são as marcas que Deus deu ao peixe por serem as marcas dos dedos de São Pedro quando puxou o peixe da água [Mt 17,24-27]”, conta Virgílio Gomes» («O que comeram Jesus e os apóstolos na Última Ceia?», Fernanda Cachão, Correio da Manhã, 21.04.2019, p. 36).

      Está no dicionário da Porto Editora: «ICTIOLOGIA (Zeus faber) peixe de corpo achatado e formato oval, com barbatana dorsal dotada de espinhos fortes e filamentos longos, que se caracteriza por apresentar uma mancha negra em cada um dos lados do corpo, sendo também conhecido por alfaqui, são-pedro, etc.» Contudo, falta informação. Devia dizer que o corpo é arredondado, mas achatado lateralmente; que é verde-cinzentado e dourado; que se encontra no Atlântico Nordeste, nos arquipélagos da Madeira e dos Açores e no Mediterrâneo; que é um peixe bêntico ou bentónico (termos que aquele dicionário não regista); etc.

 

[Texto 11 237]

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