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Linguagista

Léxico: «tarô | britónico»

Para ficar a saber mais

 

      Acabei de ler um artigo sobre Pamela Colman Smith, a ilustradora que desenhou, em 1909, o baralho de tarô tal como hoje o conhecemos. Foi ela quem deu forma a cada uma das cartas do chamado tarô Rider-Waite-Smith, criando pequenas cenas figurativas em vez de simples símbolos. É por isso que a definição de «tarô» não se pode ficar por «jogo de cartas com figuras simbólicas»: há hoje um modelo estruturado, com arcanos maiores e menores, e uma função esotérica que se tornou dominante. Pamela Colman Smith viria a morrer em 1951, em Bude, uma vila costeira da Cornualha. O topónimo não parece muito inglês — e não é. Bude é, como tantos nomes daquela região, herança da língua britónica, um antigo idioma céltico falado na Grã-Bretanha romana, antecessor do galês, do bretão e do córnico. Ora, parece que há por aí um dicionário que o promete para breve.

      Assim, proponho: britónico língua céltica antiga da Grã-Bretanha romana, considerada antecessora do galês, do bretão e do córnico.

      Quanto ao verbete «tarô», também ele exige revisão. Dizer apenas «jogo de cartas com figuras simbólicas» é escasso e enganador: o baralho tem hoje uma estrutura definida e é usado não só como jogo, mas sobretudo como instrumento de adivinhação e introspecção simbólica. Assim, proponho: tarô 1. baralho que no seu formato padrão contém 78 cartas, das quais 22 são arcanos maiores (trunfos) e 56 arcanos menores (quatro naipes com cartas numeradas e figuras da corte), usado tanto como jogo de cartas como para adivinhação ou introspecção simbólica; 2. jogo ou sistema simbólico baseado na utilização desse baralho, com fins recreativos ou esotéricos.

      Já quanto à etimologia, será mais assim: do francês tarot (séc. XVI), por sua vez do italiano tarocchi (séc. XV), plural de tarocco, de origem obscura.

[Texto 21 811]

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