Léxico: «termobatedeira | mosto | contra-safra | padejar»
Visto por mim
«A pasta segue agora para uma termobatedeira. Aquecida a uma temperatura que nunca deverá ultrapassar os 26 ºC para que se possa dizer que o azeite foi extraído a frio, a pasta sofre, durante uma hora, um processo de homogeneização das gotículas de azeite contidas na azeitona» (Os 100 Melhores Azeites de Portugal, Edgardo Pacheco. Alfragide: Lua de Papel, 2016, p. 27).
É precisamente o que vi no Museu do Azeite de Belmonte: «A primeira operação a realizar é a moagem das azeitonas, tendo a tina uma capacidade para 400 a 500 kg de frutos. Sendo triturada pelas galgas (mós), a pasta era depois transportada para a termobatedeira. Este equipamento consiste num contentor, envolvido por um reservatório de água quente, onde a pasta era constantemente misturada; logo que a mesma estivesse a uma temperatura adequada era colocada nas vagonetas e enviada para a prensagem.» A pasta obtida pela prensagem (em três prensas hidráulicas, em camadas sucessivas, sobre 63 ou 64 seiras, formando o que se designava por castelo) era um mosto oleoso — lia-se nas legendas, mas o dicionário da Porto Editora, que, como outros, não regista o vocábulo termobatedeira, diz-nos que mosto é somente o sumo da uva ou «suco de qualquer fruta que contenha açúcar, quando em fermentação». Mesmo em galga («mó de lagar de azeite») devia especificar que se trata de mós cilíndricas. Também fiquei a saber (ou a recordar) que para a obtenção de um litro de azeite se necessitam 7 kg a 9 kg de azeitona. Voltei a ver a palavra contra-safra («mau ano de produção de azeitonas», lia-se nas legendas), mas o dicionário da Porto Editora só regista com a grafia do AO90, «contrassafra». Padejar, que aquele dicionário define como «revolver com a pá (os cereais) para retirar a moinha», também é explicado como «acto de atirar azeitonas recém-colhidas ao ar, como forma de libertar os ramos caídos durante o varejar».
[Texto 12 281]