Léxico: «toninha-comum/focenídeo»
Puxar o fio da meada
«Uma toninha-comum, um mamífero aquático um tanto semelhante ao golfinho, foi resgatada de um mercado chinês, onde se encontrava à venda para fins alimentares. Cheng Mingyue e Cheng Jianzhuang estavam a passar no local quando se depararam com o animal, que de acordo com os mesmos, se encontrava em lágrimas. Comovidos com a situação, os clientes pagaram cerca de 190 euros pelo animal, para mais tarde o devolverem ao mar» («Amigos salvam toninha ao verem-na chorar em mercado», Correio da Manhã, 22.02.2019, 9h55).
Quando consultamos o dicionário da Porto Editora, concluímos que não regista toninha-comum nem, no verbete toninha, o nome científico. Vejamos o que regista: «ZOOLOGIA mamífero cetáceo da família dos Delfinídeos, de corpo pequeno, comprido e estreito». Será mesmo assim? O que vejo aqui e ali é que as toninhas ou marsuínos são pequenos cetáceos da família dos focenídeos (Phocoenidae), palavra esta que o dicionário da Porto Editora não acolhe. Também sabemos que os marsuínos se dividem em seis espécies. Entre as espécies mais conhecidas estão a Phocoenoides dalli e a Phocoena phocoena, que podem ser encontradas no hemisfério norte. Temos então aqui nova pista: marsuíno. Ora, este está no dicionário da Porto Editora: «ZOOLOGIA (Phocoena phocoena) mamífero cetáceo encontrado em águas costeiras subárcticas e temperadas do hemisfério norte, pode atingir perto de dois metros de comprimento e apresenta focinho pouco pronunciado e coloração escura na região dorsal e branca nas partes inferiores; boto, toninha».
Parece-me evidente que se tem de puxar o fio à meada. Tal como está, pouca utilidade tem para o falante. Confunde mais do que esclarece, e um dicionário não existe para isso.
[Texto 10 862]