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Linguagista

Léxico: «trapio | negócio(s) de junça podre»

Não tornarei a ouvi-las

 

      Um dia destes, um leitor deste blogue foi a Santarém e viu um pouco por todo o lado cartazes a anunciar uma tourada em que se usava a palavra «trapio». (Não sei porquê, ocorreu-me agora a palavra ecofascismo.) Só que, num cartaz tauromáquico, apenas podia ser o castelhano trapío, «bravura, galhardia». Portanto, está tudo bem, e encontramo-la no respectivo dicionário bilingue da Porto Editora e noutros. O pior é não encontrarmos o nosso trapio nos dicionários. «— Podes lá com a vida dum homem daquele trapio! É pior que os porcos» (Terras do Demo, II, Aquilino Ribeiro. Lisboa: Bertrand Editora, p. 263). Aqui, é trabalheira suja, como se lê na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Mas também tem o significado de «conjunto de trapos; trapagem; farrapada», e nesta acepção já a ouvi. Há palavras e expressões que não tornarei a ouvir, bem sei. Uma delas, de que me lembro de quando em quando, é «negócio(s) de junça podre», usada para qualificar maus negócios.

 

[Texto 16 436]

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