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Linguagista

Não era preciso um acordo ortográfico

É simples

O Diário de Notícias tem um diretor adjunto, Paulo Tavares; Armando Esteves Pereira, por sua vez, é diretor-adjunto do Correio da Manhã. Não precisávamos de um acordo ortográfico que viesse lançar-nos ainda em maiores confusões, mas foi isso que uns quantos iluminados, autorizados por políticos, fizeram. Agora só têm de esperar que morram todos os opositores.

[Texto 7921]

5 comentários

José Neto 14.06.2017 21:30

Como em qualquer reforma ortográfica
José Fontes 15.06.2017 08:59

José Neto:
Se uma reforma ortográfica for bem pensada e, acima de tudo, for bem concebida, e se corresponder a uma necessidade muito presente no sentimento de vastas faixas da população, poderá lançar alguma confusão inicial: transitória e relativamente ligeira.
Mas quando se trata de uma reforma pensada por um restrito núcleo de pessoas «iluminadas», como foi o AO de 1990, pessoas «iluminados» que foram apoiadas por outro restrito número de políticos ignorantes na matéria e muito pouco sensatos, sabendo-se lá ao serviço de que interesses estiveram ambos - de certeza que não estiveram ao serviço dos interesses da Língua Portuguesa - a confusão lançada só poderá ser enorme: como se tem visto ao longo dos anos desde que o AO entrou em vigor, e já são muitos, demasiados.
(continua)
José Fontes 15.06.2017 08:59

(continuação)
Se quiser leia e ouça isto:
«A falsa unidade ortográfica», Maria Regina Rocha
http://www.publico.pt/opiniao/jornal/a-falsa-unidade-ortografica-25921941 (http://www.publico.pt/opiniao/jornal/a-falsa-unidade-ortografica-25921941)
Vídeo da audição na Assembleia da República da Professora Helena Buescu:
https://youtu.be/auN7bw8Ht38 (https://youtu.be/auN7bw8Ht38)

Paulo Araujo 15.06.2017 20:56

Com uma constância que não se reduz, tenho lido neste blogue severas críticas ao AO90. O Acordo, antes de unir, manteve outras diferenças entre as duas grandes vertentes da LP: a brasileira e a europeia, esta adotada pelos países africanos de mesma língua oficial (embora, pelo que sei, ao menos Angola ainda não ratificou o AO90). Desde 1911 que se tenta unificar a grafia da LP, sem sucesso. Houve alterações, aceitações ou tentativas parciais em 1911, 1931, 1943, 1945, 1971/73, 1986, todas inconclusas ou não aceitas no todo ou em parte (não é necessário descer a detalhes explicativos de cada uma dessas tratativas.)
A superioridade numérica de falantes da variante brasileira e a pesada influência de uma língua nativa na variante do nosso léxico, além de uma massiva imigração nos séculos XIX e XX, a distância que nos separa politicamente de Portugal (quase 200 anos), a diversidade fonética que não se acomoda a uma uniformização gráfica plena, em contraste com a bem recente separação das colônias africanas (menos de 60 anos), tornam quase impossível uma homogeneização total da grafia, principalmente em função das diversidades fonéticas. Calma! Antes de me dizerem que nada tem a ver ortografia com fonética, então me expliquem porque há necessidade de se grafar anónimo em Portugal e anônimo no Brasil. São a mesma palavra, com mesmo significado, então por que duas grafias? Tire-se o acento e o problema acaba. Mas disso não se abriu mão.
Enfim, o AO90 foi bom para o Brasil, trouxe clareza onde havia dúvida, poucos reclamaram, e os que o fizeram apenas queriam aparecer; por sorte não temos letras mortas (c ou p) e onde elas aparecem sem formar sílaba são pronunciadas; a imprensa adotou de pronto, sem reclamação, e seguimos adiante para o próximo (des)acordo, quando um dia vier (o hífen é um problema meio resolvido mas dá para se adaptar, entre erros e acertos.)

[continua]
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Paulo Araujo 15.06.2017 20:57

E esse dia virá; não tenho dúvida de que essa pendenga, já secular, terá mais à frente.
Se para Portugal, o AO90 está sendo um desastre, fosse eu português estaria do lado dos que não o aceitam e estaria lutando pela sua denúncia.
Pois a justificativa de que teríamos uma única grafia para mostrar ao mundo uma língua homogênea, inteligível para todos que a lessem, revelou-se uma balela.
Comparemos com casos semelhantes: o inglês, o alemão e o francês, o primeiro sem ortografia oficial, os demais com ortografias “acordadas” mas não aceitas aqui ou ali, com ou sem discussão, vão vivendo como querem e o mundo que se dane para entender porque o inglês tem theatre e theater, colour e color, ou o alemão tem ”sss” mas o suíço continua com seu Eszett; a última retificação (1990) na ortografia francesa é risível: há tópicos facultativos (o acento circunflexo), apesar de toda a força da vetusta Académie Françoise! Apesar das incongruências, os franceses dizem que os franco-canadenses falam e escrevem em “québécois”! Estes, por sua vez, não estão nem aí para o chiste.
Em 1832 publicou-se no Brasil um Diccionario da Lingua Brasileira, em sua totalidade um plágio do Novo Diccionario da Lingua Portugueza, editado em 1808, reeditado em 1817 e 1835, esta edição praticamente sem alterações, por Francisco Rolland, o famoso editor que se identificava como F.R.I.L.E.L (Francisco Rolland, Impressor e Livreiro em Lisboa.)
Ou seja, começamos tão iguais que o Editor brasileiro nem se importou de copiar tudo como leu no original. Se tinha o beneplácito do editor português, não se registrou. Hoje, a história é outra.
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Não era preciso um acordo ortográfico

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