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Linguagista

Nem santo, nem romano, nem império

Diz-se

 

      Uma vez que o sismo de 1755 foi um marco no pensamento europeu e ajudou a impulsionar o racionalismo e o cepticismo iluminista, falemos de Voltaire, que se tornou uma das vozes mais críticas da época, usando o acontecimento para desafiar a visão de mundo dominante e defender uma abordagem mais crítica e científica da realidade. Bem, mas isto é só o pretexto para trazer para aqui um excerto de uma crónica de Hélio Schwartsman. «Quando deixamos que a política invada a seara dos nomes, entramos em território propício a fake news. Como observou Voltaire, o Sacro Império Romano-germânico não era sacro, nem era um império e nada tinha de romano. Ao menos era germânico» («O golfo é do México ou da América?», Hélio Schwartsman, Folha de S. Paulo, 15.02.2025, p. A3). Muito conhecida e atribuída, habitualmente, a Voltaire, mas sabe-se lá quem a terá dito: «Le Saint-Empire romain n’est en aucune manière saint, ni romain, ni un empire.» Algumas fontes sugerem que ele expressou esta ideia em 1761, reflectindo a sua visão crítica sobre o Sacro Império Romano-Germânico. A origem exacta da frase é incerta, e não há consenso sobre a obra específica em que Voltaire a teria escrito. Aqui no meu âmbito doméstico também não é raro atribuírem-me esta ou aquela afirmação, e sempre com esta formulação: «Ah, mas tu disseste que...»

[Texto 20 930]