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Linguagista

Palavras terminadas em -inho

Ora essa!

Bonito livro, sim senhor, mas: «— Se calhar o tio está apaixonado. Olha para este Pózinhos de per lim pim pim para ela gostar de mim» (A Bruxa Cartuxa no Castelo das 5 Torres, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. Alfragide: Editorial Caminho, 2016, p. 24).

Duas escritoras, professoras... Então não sabem (não ensinam?) que nenhuma palavra terminada em -inho leva acento? Onde está a sílaba tónica? Isto também faz mal às criancinhas; talvez não tanto como o Shin Chan, mas faz mal. Vão chegar ao pós-doc e ainda estão a escrever assim.

[Texto 7835]

12 comentários

Paulo Araujo 16.05.2017 12:01

Para esse pó, criado por Monteiro Lobato e presente em algumas de suas obras infantis, a grafia é pirlimpimpim.
Helder Guégués 16.05.2017 12:32

Que os dicionários registam. Como, porém, no livro aparece grafado noutro tipo, cor e a negrito, perdoei, embora não me pareça bem.

Paulo Araujo 16.05.2017 16:26

Parece-me que erraram a Enciclopédia e o VOLP. Apenas na obra Os Doze Trabalhos de Hércules, Editora Brasiliense, 1962, a palavra aparece 3 vezes, páginas 6, 8 e 42; Emília, a personagem mais emblemática das criadas por Monteiro Lobato, ensina como se usa o pó de pirlimpimpim.
Na hora de abonar palavra de autor, opto pelo autor.
Por outro lado, até se pode pôr em cheque a criatividade de Lobato, pois, a crer no que achei na internet, há registro de uma obra espanhola:
"Pirlimpimpim I: zarzuela bufo-fantástica en dos actos. Volume 71.Autor: Mariano Pina Dominguez, 1872."
Não sei que significado teria o termo nessa obra.
(https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Mariano+Pina+Dom%C3%ADnguez%22&source=gbs_metadata_r&cad=2)
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Anónimo 16.05.2017 20:00

Caro Paulo,

O "na hora de abonar palavra de autor, fico com o autor" parte da premissa de que a expressão foi inventada por Monteiro Lobato, mas não foi. No link que passei e que está interrompido (basta eliminar o espaço entre a primeira e a segunda partes para chegar ao trecho que interessa), lerá "o pó que secou Perlimpimpim". Não é convincente, não fala do pó de perlimpimpim, um pozinho mágico? Que dizer de "unos polvos de perlimpimpim", nesta onta de Don Enrique Gaspar, de 1867: http://www.cervantesvirtual.com/portales/instituto_literatura_y_linguistica_portuondo_valdor/obra-visor-din/el-jugador-de-manos-drama-en-tres-actos-y-en-prosa--0/html/ff166bd2-82b1-11df-acc7-002185ce6064_2.htm? Não há dúvidas de que é o mesmo que pó de perlimpimpim, o pozinho mágico, pelo contexto. E "poudre de perlimpimpim", com pelo menos uma ocorrência em obra de 1870?

Não foi Lobato quem inventou esta expressão, está claro, e pirlimpimpim será, quando muito, uma variante de perlimpimpim, mas não A forma correta.
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Anónimo 16.05.2017 20:37

Poudre de perlimpimpin no Dictionnaire comique, satyrique, critique, burlesque, libre et proverbial de 1752. Lê-se lá que é expressão que se usa para falar de coisas que não tem nenhuma virtude, nenhum valor (tradução livre de quem não sabe francês, pardon).

Chegamos a meados do século XVIII, e a expressão já era dicionarizada. Não será surpresa alguma se se descobrir que é muito mais antiga.

Olhe, é quanto basta, que já está o ponto bem provado: é preciso ter cuidado com o que se escreve sobre a origem de palavras e expressões, ainda mais num blogue como este, e ainda que seja no espaço de comentários, sobretudo quando se afirma com tanta certeza algo que tão facilmente se mostrou inverídico.

A internet já é cheia de textos apócrifos atribuídos a autores célebres, informações sem verificação e suposições sem provas. Não precisamos disso num espaço deste, e digo-o sem nenhuma intenção de ofender o Paulo, que sempre dá boas contribuições ao blogue, até porque eu seria muito pusilânime se ofendesse alguém que assina o nome quando não o faço eu mesmo: a minha preocupação é apenas evitar que contribuamos, involuntariamente, para a disseminação de informações sem verificação adequada. E o Paulo há de convir que foi o caso, porque me bastou ir ao Google livros por meia hora para concluir que Lobato nunca poderia ter criado uma expressão que será pelo menos 130 anos mais velha que ele.
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Anónimo 17.05.2017 02:16

E segundo este dicionário francês, o primeiro registro conhecido pode remontar ao início do século XVII: http://www.languefrancaise.net/Bob/35296b
Paulo Araujo. 17.05.2017 15:48

Já reconheci, acima, que o termo não é de Lobato. Apenas digo e reitero que na obra dele é pirlimpimpim, como supunha desde a infância. No que me compete, encerro os comentários.

Palavras terminadas em -inho

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