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Linguagista

Período de transição do AOLP90

Outra mentira

 

      Já aqui tínhamos concluído que o período de transição do Acordo Ortográfico de 1990 terminava, consoante a interpretação, em Maio ou em Setembro de 2016. Ontem, certos meios de comunicação vieram lançar mais confusão, afirmando que esse período terminava hoje. Parte do editorial de hoje do Público é sobre esta questão (e esta mentira).

      «Anda por aí grande agitação por causa de uma notícia que dá o dia de hoje,
 13 de Maio (por sinal aquele em que 
se celebram as primeiras aparições em Fátima), como o do fim do prazo de transição de seis anos do chamado Acordo Ortográfico de 1990. Ou seja: hoje, 
o país inteiro, se fosse bem comportado [sic], deveria já estar todo a escrever com a ortografia daquilo a que alguns chamam 
“o português do século XXI”. Passando ao lado da discussão sobre a data exacta do fim do prazo de transição (que terminará não hoje mas apenas a 22 de Setembro de 2016, devido a pormenores legais explicados nesta edição por Ivo Miguel Barroso, ver pág. 46), a verdade é que em Portugal ele já é aplicado em grande parte da máquina do Estado e
 no ensino, optando a sociedade civil por escrever com ele ou contra ele. Vantagens visíveis? Nenhuma, além do caos gerado com facultatividades, duplas grafias e palavras que antes eram iguais em Portugal e no 
Brasil e agora, por “milagre” da unificação”, passaram a escrever-se de forma diferente em cada um dos países. Não há edições comuns à lusofonia, como se propagandeou, continua a haver traduções distintas, filmes continuam e continuarão a ser legendados separadamente (assim manda o vocabulário), livros são “retocados” para ser editados em Portugal ou no Brasil e nada indica que isso se altere. O Brasil, cujo prazo para aplicação integral termina em Janeiro de 2016, já fala em rever o acordo. Angola e Moçambique adiam e esperam para ver, Cabo Verde aplica-o em parte mas sem convicção, Guiné e São Tomé queixam-se de falta de meios para o aplicar e Timor-Leste discute ainda a conveniência de ensinar e aprender o português. Língua que está, infelizmente, longe de ser encarada como “de trabalho” nas instâncias internacionais. Conclusão: todo o esforço acabou nisto. Uma deriva ortográfica inqualificável e regras que a política quis e quer impor, à força, à ciência. Neste cenário, ignorá-las-emos» («A inqualificável deriva ortográfica actual», Público, 13.05.2014, p. 44).

 

[Texto 5843]

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