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Linguagista

Regência do verbo «comparar»

Por vezes soa melhor

Hoje uma pessoa disse-me que aprendeu que o verbo «comparar» tem duas regências. É verdade. Comparar com e comparar a. A primeira é mais antiga e a segunda surgiu mais para evitar aquele com-com, comparar com. Aprender, e aprender sempre. Winston Churchill, uma das mais admiráveis personalidades do século XX, também dizia que estava sempre pronto a aprender, apesar de não gostar do papel de aluno.

[Texto 5584]

6 comentários

Montexto 21.11.2017 18:24

Mas nunca, como creio que tb já aqui se advertiu: «na minha experiência... os dipolomatas portugueses não comparam mal, muito pelo contrário, com oficiais de outros ofícios na nossa administração...»
Lê-se esta pérola em «Abril e Outras Transições», de J. Cutileiro, p. 43, onde se vê que tb na escrita «não comparam mal com» outros oficiais portugueses, sobretudo com escritores.
E custa a acreditar que a pena que escreveu os bilhetes de Kotter escrevesse estas transições ilegíveis.
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Antônio 21.11.2017 23:39

Às vezes, causam-me muita dúvida alguns passos em textos portugueses em que a regência difere da que eu usaria, mas nem sempre tenho certeza de que se deva a alguma diferença entre as variantes europeia e brasileira. Por exemplo, quem exige algo, exige-o de alguém ou a alguém? Ou estão bem ambas as regências, segundo a variante europeia? No Brasil, eu diria que exigir algo a alguém é que suscitaria mais dúvidas.
Eu sei, por exemplo, que se toma algo a alguém em Portugal, mas, no Brasil, se costuma dizer tomar algo de alguém.
E já me deparei com exemplos de hipercorreção em textos portugueses, em que se usa a preposição a em lugar da preposição de, quando esta era, na verdade, a correta, ou, ao menos, a mais recomendada.
Eu tenho muitos dicionários de regências, mas todos brasileiros. Recomendam-me algum dicionário português de regências verbais e nominais? Gosto de ter referências de ambas as variantes.
Helder Guégués 21.11.2017 23:52

Há sempre dúvidas, porque há, apesar de tudo, muitas diferenças. Por exemplo, e para não ir mais longe, não estou a ver nenhum português a escrever «mas nem sempre tenho certeza».
Anónimo 22.11.2017 00:55

Talvez escrevessem "mas não tenho sempre a certeza"? Agradeço a quem me puder indicar bons dicionários portugueses de regência verbal e nominal.
Antônio 22.11.2017 01:10

Gosto das comparações entre as variantes, porque me fazem pensar sobre aquilo que me parece absolutamente natural na minha própria fala e com cuja razão de ser nunca atinaria de outra forma. Ocorreu-me, por exemplo, que eu diria "tenho a certeza de ter agido corretamente", mas "tenho certeza de ter deixado a carteira sobre a mesa". É como se o artigo definido qualificasse certezas sobre coisas relevantes, mas não sobre trivialidades.
Veio-me agora isto, mas não tenho certeza de se tratar de uma conclusão generalizável. Talvez me socorra a certeza dos que estudam a fundo questões como esta depois de me debruçar sobre ela com o devido vagar.
Anónimo 22.11.2017 01:16

Por fim, e mais não escrevo, porque a questão não merece tanto, ocorreu-me que aqui se diz ter certeza, como se diz, aqui e aí, ter fome, ter frio, ter sede, ter paciência, e que aqui só se diz ter a certeza em casos em que se tem um tipo específico, ou mesmo especial, de certeza, assim como se tem um tipo específico, ou também especial, de fome, frio, sede ou paciência, como em ter a fome de vencer na vida, sentir o frio na espinha de quem testa os próprios limites, ter a sede de poder de um César ou ter a paciência de Jó.

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