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Linguagista

Regência verbal: «suceder»

Tou nem aí

 

      «Aos 18 anos, filho de Lira ganha cargo e é preparado para suceder pai» (Josué Seixas, Folha de S. Paulo, 12.02.2025, p. A7).

      Rapaz, 18 anos no Brasil é idade de pegar carona com os amigos pra ir pra festa, curtir uma praia, tentar conquistar alguém com aquele papo furado e errar o caminho no primeiro rolê de carro sozinho. Mas não, o filho do Lira já tá aí, de terno e gravata, sendo preparado pra sentar na cadeira do pai. Enquanto a galera dessa idade tá preocupada com vestibular, crush e como pagar a conta do streaming no final do mês, ele já tem cargo e futuro garantido. Sorte dele que não precisa nem mandar currículo, né? Se continuar nesse ritmo, daqui a pouco já tá aposentado antes dos 30! Rapaz!

      Agora quanto à gramaticazinha, à regência verbal: o verbo suceder é transitivo indirecto, com regência da preposição a, ou seja, uma pessoa ou alguma coisa sucede a outra. Ultimamente, porém, com a evolução, desenvolução e degradação do ensino da língua, os falantes apressados passaram, mesmo quando chegam a jornalistas, a eliminar a preposição: suceder algo ou alguém.

      No ritmo que vai, daqui a pouco a gramática também herda um cargo e sai de cena. Ô país eficiente!

[Texto 20 902]