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Linguagista

Sismos: magnitude, intensidade e erros repetidos

Tudo como dantes

 

       «Num segundo comunicado, o IPMA também confirmou não serem conhecidos “danos pessoais ou materiais”, mas adianta que o abalo “foi sentido com intensidade máxima V/VI (instrumental) (escala de Mercalli modificada) no concelho de Almada e Sesimbra”» («Sismo de 4.7 sentido na Grande Lisboa», Daniela Espírito Santo, Rádio Renascença, 17.02.2025, 13h26).

      Aqui está correcto, mas, minutos após o sismo (que não senti porque estava a conduzir), vi na CMTV, e depois na CNN Portugal, usarem indistintamente os termos «intensidade» e «magnitude» — mas com a mesma escala, a de Richter. Erro, e erro repetido a cada abalo de terra. Não, santinhos, não está certo: magnitude e intensidade referem-se a conceitos diferentes em sismologia. A magnitude mede a energia libertada pelo sismo na sua origem (hipocentro). É um valor único para cada sismo e expresso numa escala, geralmente a de Richter ou a de momento sísmico; a intensidade refere-se aos efeitos do sismo à superfície, variando consoante a localização e sendo expressa na escala de Mercalli modificada.

      Ou seja, um sismo pode ter uma magnitude elevada, mas se ocorrer numa zona remota ou profunda, a intensidade percebida nas áreas habitadas pode ser baixa. Pelo contrário, um sismo de magnitude moderada, mas superficial e próximo de zonas densamente povoadas, pode ter intensidade alta. No sismo ocorrido ontem, na área metropolitana de Lisboa, os valores registados foram os seguintes: magnitude de 4,7 na escala de Richter; intensidade de V/VI na escala de Mercalli modificada, especialmente nos concelhos de Almada e Sesimbra. (Ali as duas frases parentéticas do comunicado do IPMA também são um desafio para o intérprete e para a análise linguística.)

[Texto 20 928]