«Sob (a) capa de»
Versão alentejana?
«“Ao abrigo do capote da informação, diz-se o que se quer?”, questionou Cristóvão Carvalho [advogado da Tecnoforma]» («MP poupa ministro, comentador e jornalista a julgamento», P.R., i, 12.09.2015, p. 9).
«Ao abrigo do capote da informação»... São tão, mas tão eloquentes estes advogados, não são? Devia querer dizer algo como «sob (a) capa de», isto é, com o pretexto, mas saiu aquela construção inaudita. «Os tios cónegos e capitães-mores, sob capa de administrarem os bens da viúva reclusa nas Ursulinas, introduziram em Calvados um capelão também encarregado de feitorizar as quintas» (A Enjeitada, Camilo).
E a propósito deste feitorizar de Camilo: o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora deste verbo remete para feitorar, mas não regista (nem conheço dicionário algum que o faça) outra variante, que encontrei em Aquilino e me parece mais eufónica, feitoriar: «O senhor José Maria dos Santos não os quereria a feitoriar uma malhada de homens nas suas terras do Alentejo» (Um Escritor Confessa-se, Aquilino Ribeiro. Lisboa: Livraria Bertrand, 1974, p. 215).
[Texto 6234]