Pois é
«Curiosamente, e com o aproximar de 2016, voltou também à ribalta no Brasil o acordo ortográfico (AO), que tanta polémica gerou e ainda gera. O Jornal Nacional da Globo, que fez um trabalho dia 21 ouvindo opiniões contraditórias, terminou com
uma pergunta ao professor Evanildo Bechara, um dos grandes promotores e entusiastas do AO. Vale a pena reproduzir, na íntegra, o diálogo entre o jornalista e o professor. “J.N: Professor Bechara, como é que se escreve selfie, em português?/ E.B: Por enquanto, é à moda inglesa. Agora, a dúvida é saber se é masculino ou feminino. Porque as duas formas se usam./ J.N.: O senhor poderia soletrar selfie?/ E.B: S-e-l-f-i-e./ J.N.: Exatamente como inglês. Isso é português?/ E.B: É português.” Podemos, portanto, com acordo ou sem ele, dizer na mais vernácula expressão da língua de Camões e Machado de Assis que 2016 vai ser, para o Brasil, a very good year. E que há-de ficar bem no auto-retrato, perdão, na selfie» («Brasil para rir, pensar e desinquietar», editorial, Público, 26.12.2015, p. 2).
Surpreendentemente — ou não? —, o único não taralhouco aqui é Evanildo Bechara. (E lá está o gerúndio avariado: «fez um trabalho […] ouvindo opiniões contraditórias».)
[Texto 6505]