Não é o mesmo: «executável/executório»
Não façam isto
«E mesmo aí nada é muito certo. Por estranho que pareça, planejar um golpe não é crime. Nem mesmo prepará-lo. A possibilidade de punir só surge quando a conjura entra em fase de execução. Foi provavelmente por isso que Moraes só autorizou a prisão dos oficiais envolvidos em atos que podem ser descritos como executórios, poupando por ora o ex-ministro da Defesa e outros oficiais» («Bolsonaro acabou?», Hélio Schwartsman, Folha de S. Paulo, 20.11.2024, p. A3).
Não me parece que seja o adjectivo adequado no contexto. À primeira e mesmo à última vista, é executável o adjectivo que eu escolheria. Executório, frequente no âmbito jurídico, refere-se a algo que tem força ou autoridade para ser executado, ou seja, que pode ser posto em prática ou aplicado. No âmbito jurídico, um acto ou título executório é aquele que permite a execução forçada de uma obrigação, sem necessidade de reconhecimento judicial prévio. Mas já outras vezes aqui vimos Hélio Schwartsman a escorregar. (Claro que todos os dicionários deviam mencionar o uso de executório no âmbito jurídico.)
[Texto 20 542]
P. S.: Na entrevista, ontem, na TVI/CNN, a António José Seguro, Nuno Santos, em relação às manobras de José Sócrates no Processo Marquês, usou o adjectivo «moratório» em vez de «dilatório», que é o que se se usa. Também neste caso, todos os dicionários deviam registar o uso jurídico do adjectivo dilatório.)