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Linguagista

O uso de «severo» em vez de «grave»

Hemorragias severas? Isso é grave

 

       Neste caso, é a propósito da definição de vírus de Marburgo, mas há anos que eu adverti para este erro — sim, erro, nada de paninhos quentes — de usar o inglesíssimo «severo» em vez do portuguesíssimo «grave» no linguajar médico, mas que depois, como era de prever, se derrama para os meios de comunicação e para os dicionários. Também pode acontecer que se vejam na situação de justificar, como certo médico, o uso do primeiro em vez do segundo fiados na diferença que julgam haver na própria língua inglesa — e depois não serem capazes de o fazer, porque não há tal gradação. Neste caso, deixem lá esses médicos (nem todos se exprimem dessa maneira, porque muitos sabem que está errado) falarem como lhes apetecer e fiquemos nós cá com as sólidas palavras portuguesas.

 

[Texto 18 126]

O plural de «viés»

Que outros não caiam

 

      Antes que me esqueça: ia eu, na sexta-feira, de Cascais para Lisboa e na TSF falavam de... qualquer coisa. Bem, se insistem, talvez de políticas de contratação. Eram perto das quatro da tarde. Às tantas, uma responsável da Airbus falou nos «nossos viés». (Mudei logo para a Rádio Observador, muito mais previsível: estão sempre a deitar abaixo o Governo. Só que o Governo não precisa desse favor, sabe muito bem fazer esse serviço sozinho.) Não escrevi eu aqui no início de Março que era altamente recomendável que a Porto Editora (e, claro, todos os dicionários e vocabulários) indicasse o plural de «viés»? Sim, a Porto Editora aceitou a sugestão, mas nada se pode fazer em relação aos falantes. Estes têm sempre as suas limitações.

 

[Texto 18 123]