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Linguagista

«De candeias às avessas»

Será boa ideia?

 

      «Os investimentos da empresária angolana em Portugal, agora às avessas com a justiça e com contas congeladas, deram um retorno avultado em dividendos e mais-valias» («Portugal já rendeu perto de 500 milhões a Isabel dos Santos», Ana Brito e Luís Villalobos, Público, 17.02.2020, p. 2).

      Primeiro, confesso, não estranhei; depois, porém, reflecti que amputar desta maneira expressões consagradas pode dar mau resultado. Ou não, pois claro: podem surgir variantes. Dentro de vinte anos falaremos de novo sobre isto.

 

[Texto 12 857]

Pimenta no c***

Nada cristão, mas humano

 

      Pergunta a jornalista Clara Soares a Tiffany Watt Smith, historiadora cultural na área das emoções: «O que a levou a estudar a emoção de comprazer-se com o mal dos outros? Algo que em Portugal se aproxima da expressão “pimenta no cu dos outros para mim é refresco”?» («“Sentir prazer com a desgraça dos outros é uma emoção humana bastante comum”», Clara Soares, Visão, 3.11.2019, 19h20). A historiadora ficou toda divertida e quis anotar a expressão. Exactamente com esta formulação — mas há sempre, dado transmitir-se por tradição oral, variantes — não a conhecia, mas aproximada. José Pedro Machado, no Grande Livro dos Provérbios (Lisboa: Editorial Notícias, 1996), regista algumas: Pimenta no cu da gente é refresco no cu dos outros. Pimenta no cu dos outros não arde. Pimenta no olho dos outros é refresco. Pimenta no rabo (cu) dos outros não arde. Pimenta nos olhos dos outros não arde.

 

[Texto 12 818]