O género de «entorse»
Que ambos aprendam e se emendem
«O Presidente da República classificou o diploma como “um entorse significativo [sic] em matéria de regime genérico de ordenamento e planeamento do território”, mas, espantosamente, aprovou-o na mesma, com o argumento mais coçado do último ano: a “urgência no uso dos fundos europeus”. Para esgotar o dinheiro de Bruxelas, todas as entorses são permitidas» («Nova lei dos solos: acelerar o PRR na direcção da parede», João Miguel Tavares, Público, 4.01.2025, p. 48).
João Miguel Tavares sabe que o vocábulo entorse é do género feminino (só não sabe que não deve grafar os colchetes em itálico); o Presidente da República, ou quem lhe escreve os discursos (também já escrevi discursos para políticos, e muito antes de ser revisor), não sabe. Talvez o redactor de discursos, o speechwriter, tenha consultado o dicionário errado, que também os há e indicam que é de ambos os géneros, ou se tenha fiado na sua imensurável sapiência. Que ambos aprendam e se emendem.
[Texto 20 726]