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Linguagista

A falta que o apóstrofo faz

Gouveia e Melo, D. João II e o apóstrofo

 

      No Now, anteontem, mostraram uma publicação de Francisco José Viegas no X sobre a capa da Revista da Armada, em que aparece uma imagem do almirante de braço dado com D. João II a bordo de um navio. Lia-se: «Plamor de Deus, não percam o novo número da ‘Revista da Armada’. A marinha está épica.» Que merda é esta?, pensei. Sem o apóstrofo, não é fácil o leitor desprevenido saber o que significa. Até com omissão da preposição mas com o apóstrofo fica mais claro: «Pl’amor Deus na me digas isso qu’inté parece que m’arrebenta o coração!» (Estremadura, Urbano Tavares Rodrigues. Lisboa: Bertrand, 1960, p. 183).

[Texto 20 635]

Como se fala por aí

Mais uma tentativa

 

      Eram 7h06 e a pivô Daniela Rodrigues, no Diário da Manhã da TVI, garantia que já havia «longas filas de viaturas que tentam chegar à cidade lisboeta». Minutos mais tarde, o mesmo: «cidade lisboeta». Como fazer entender a esta gente que isto é uma maneira errada, absurda mesmo, de dizer as coisas? Que mais posso eu fazer? Mais uma tentativa: Daniela Rodrigues, significando o adjectivo lisboeta «relativo à cidade de Lisboa», acha que o pode usar dessa forma?

[Texto 20 487]

«Microfrase»?

Já se sabe como é

 

      «Carlos Moedas, em declarações aos jornalistas, insistiu no “crescente sentimento de insegurança em Lisboa”, e teve uma microfrase para a morte de Odair Moniz» («Agora que apelou a assassinatos selectivos, já se pode dizer que o Chega é de extrema-direita?», Ana Sá Lopes, Público, 29.10.2024, p. 40).

      Vejo milhares de coisas, mas creio que nunca tinha encontrado o termo «microfrase». E que «microfrase» de Moedas será essa? Pensei logo numa colagem ao inglês — micro-sentence ou micro-phrase. Mas nada, não há registos do seu uso. Concluo, então, que não passa de invenção de Ana Sá Lopes. Não me admirava nada que quisesse dizer alguma coisa aproximada. Por exemplo? Holófrase.

[Texto 20 440]