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Linguagista

Léxico: «Donzelinho»

Uma entre dezenas

 

      «Não há regras para brancos e tintos mas castas que geram tintos muito abertos de cor e de baixa graduação (Bastardo, Mourisco, Alvarelhão, Marufo, Malvasia Preta, Donzelinho, por exemplo) merecem ser consumidos mais frescos do que os tintos mais frescos do que os tintos mais encorpados» («Sim ao arrefecimento global», João Paulo Martins, «Revista E»/Expresso, 8.03.2024, p. 76). Por acaso faltam dezenas (!) de castas nos dicionários, mas vamos com calma. Sodoma e Anadia não se fizeram num dia.

 

[Texto 19 529]

Léxico: «fêndula»

Não é pelo provérbio

 

      Fernando Alves, no último episódio de Tão Longe, Tão Perto, na Antena 1, esteve em Pobral, ali entre Sintra e a Ericeira, onde falou com várias pessoas. Uma delas era António Ferreira, um pequeno agricultor de 70 anos que se desloca na sua moto-quatro e nunca teve nem quer ter telemóvel. Feliz! Quando calha ou lhe pedem, fala em verso, mas não é por isso que o trago aqui, mas porque, numa conversa sobre coisas do dia-a-dia, usou a palavra «fêndula». Só um dicionário a regista, pelo que vi, o que diz bem da extraordinário que isto é. À partida, achava-a mais verosímil na boca do meu professor de Latim, poeta de mérito, ainda que desconhecido. (Às tantas, também disse: «Há sol que rega e chuva que seca.» Fernando Alves quis que ele explicasse, como se fosse alguma coisa nova ou inteiramente saída do génio do homem, quando não passa de um provérbio e mera comprovação empírica de quem cultiva a terra. Isto também é estranho.)

 

[Texto 19 528]